Relatório de inspeção indica defeito no painel de avião da Voepass
Documento mostra problema em dispositivo que ajuda os pilotos a visualizar dados de navegação
Um documento obtido pelo jornal O Globo sobre a inspeção do avião da Voepass que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, indica que a aeronave tinha problemas com “ação corretiva retardada”, ou seja, com conserto pendente.
De acordo com o relatório, uma das pendências relatadas é um problema no EHSI (Indicador Eletrônico de Situação Horizontal), um dispositivo que ajuda os pilotos a visualizar dados de navegação, mas não é indispensável nem obrigatório.
A maioria dos outros itens listados são considerados triviais.
O EHSI reúne em uma única tela bússola, GPS, radar e outros dados que normalmente precisam ser consultados em instrumentos diferentes. Embora um avião possa voar sem o dispositivo, a ausência pode sobrecarregar o piloto em situações que exigem a consulta de muitas informações. Em alguns tipos de aeronaves e rotas, as agências de segurança exigem o uso do EHSI.
Até o momento, as informações fornecidas pelo Cenipa sobre a queda da aeronave em Vinhedo ainda não esclarecem se o problema no EHSI teve algum papel no acidente.
Em nota, a VoePass não negou eventuais problemas listados no relatório, mas afirmou que o avião estava dentro dos padrões exigidos para decolagem.
O turboélice ATR 72-500, de matrícula PS-VPB, fazia o voo 2Z-2283 de Cascavel (PR) para o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Os 58 passageiros e os 4 tripulantes a bordo morreram. Esse é o maior desastre aéreo do país em número de vítimas desde 2007.
As causas da queda ainda estão sendo investigadas. Ivan Sant’Anna, colunista de Crusoé e analista de aviação, avalia que pode ter havido congelamento dos comandos, levando o avião a fazer o que os especialistas chamam de “parafuso chato”.
Avião era sensível a gelo, diz Voepass
O CEO da companhia aérea Voepass, Eduardo Busch, e o diretor de operações da empresa, Marcel Moura, deram uma entrevista coletiva na sexta-feira, 9 de agosto, em Ribeirão Preto (SP) sobre o acidente que matou 62 pessoas em Vinhedo, no interior paulista, nesta tarde.
Na coletiva, Busch confirmou que o modelo da aeronave era sensível a eventuais formações de gelo nas suas asas e na fuselagem.
“Situações climáticas como a de sexta-feira, em que houve a aproximação de uma frente fria, facilitam a formação de gelo”, declarou o CEO.O diretor de operações, por sua vez, não quis falar sobre as causas do acidente. “Neste momento, há muitas informações desencontradas, e qualquer declaração só alimentaria a especulação”, disse Marcel Moura.
Segundo ele, a aeronave havia passado por uma manutenção de rotina nas oficinas da Voepass em Ribeirão Preto, sede da empresa, e estava “100% operacional”.
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