Febre Oropouche emite alerta para surto de microcefalia
Artigo sobre a febre do Oropouche, uma doença infecciosa transmitida por mosquitos, seus sintomas, consequências e medidas de prevenção.
O Ministério da Saúde confirmou recentemente duas mortes causadas pela Febre do Oropouche no Brasil. A notícia acendeu um alerta entre especialistas e autoridades de saúde, que ressaltam a importância de medidas preventivas e vigilância epidemiológica reforçada.
Os exames pós-parto de um bebê que faleceu após 47 dias de vida revelaram que a mãe, de 33 anos, havia contraído o vírus durante a gestação. Especialistas destacam a necessidade de atenção, uma vez que o vírus pode provocar alterações congênitas semelhantes às causadas pelo Zika vírus.
Prevalência do Oropouche e Alterações Congênitas
José Luiz Proença Módena, virologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), aponta as incertezas sobre a real prevalência das alterações congênitas causadas pelo Oropouche. Seguindo essa linha, o epidemiologista José Geraldo Ribeiro, do laboratório Fleury, comenta que uma epidemia em larga escala, embora improvável, não pode ser descartada.
Em 2017, durante a 69ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, microbiologista da Universidade de São Paulo (USP), alertou sobre os riscos da disseminação desta arbovirose, especialmente após observar casos em macacos contaminados em Minas Gerais e no sul da Bahia.
Como o Oropouche pode afetar gestantes?
A Organização Pan-americana da Saúde (Opas) emitiu um alerta epidemiológico para o Brasil reforçar a vigilância do vírus. Este ano, as notificações de febre do Oropouche aumentaram 776% em comparação com 2023, gerando preocupação devido ao potencial de infecção em gestantes.
José Geraldo Ribeiro explica que, assim como o Zika, o Oropouche pode atravessar a placenta e afetar o feto, resultando em sérias complicações, especialmente no primeiro trimestre da gestação. Estudos da década de 80 já relataram crianças nascidas com alterações congênitas depois que as mães foram infectadas.
Oropouche: O que sabemos até agora?
Luiz Tadeu Figueiredo destaca que o aumento de casos fatais e neurológicos em crianças torna a situação ainda mais alarmante. A pesquisa do grupo de José Luiz Proença Módena identificou mutações no vírus atual, que apresenta uma capacidade de replicação 100 vezes maior em comparação com cepas anteriores.
- A nova cepa do vírus mostra maior capacidade de replicação.
- Anticorpos de infecções anteriores não neutralizam o novo vírus.
- Estudos sugerem a possível transmissão por outros mosquitos além do maruim.
Medidas de Prevenção e Vigilância
O Ministério da Saúde distribuiu testes para os Laboratórios Centrais (Lacen) e intensificou a monitorização para identificar áreas de alta circulação do vírus. Luiz Tadeu Figueiredo enfatiza que, além dos testes diagnósticos, é crucial proteger as gestantes durante o pré-natal. Isso inclui o uso de repelentes seguros para grávidas e ações educativas para evitar criadouros do mosquito vetor.
Gestantes devem adotar alguns cuidados:
- Usar repelentes adequados e seguros.
- Manter quintais limpos para evitar criadouro do mosquito.
- Usar roupas compridas que cubram braços e pernas.
Questões Futuras e Necessidades de Pesquisa
A febre do Oropouche, antes negligenciada, ganhou atenção devido ao seu espalhamento para além da região amazônica. O Ministério da Saúde constituiu grupos de pesquisa para estudar o comportamento do mosquito transmissor e do próprio vírus. Luiz Tadeu Figueiredo reforça que, com mais grupos de estudo, aumenta-se as chances de avanços significativos, incluindo o desenvolvimento de uma vacina.
Além disso, é indispensável a participação das universidades e outros centros de pesquisa. Quanto maior o envolvimento, maiores serão as chances de mapear o ciclo da doença e encontrar estratégias eficazes de controle e prevenção.
Em suma, a confirmação das mortes e o aumento de casos de febre do Oropouche no Brasil exige vigilância contínua e adoção de medidas preventivas para proteger a população, especialmente as gestantes, evitando possíveis complicações congênitas nos recém-nascidos.
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