“Como a Grã-Bretanha ignorou seu conflito étnico”
Aris Roussinos, jornalista britânico, expõe as falhas do governo do Reino Unido em lidar com os conflitos étnicos internos, exacerbando tensões sociais e violência
Aris Roussinos, jornalista britânico, publicou artigo intitulado “How Britain ignored its ethnic conflict” no UnHerd nesta quarta, 2. Roussinos explora como o governo do Reino Unido vem ignorando os conflitos étnicos internos, especialmente após eventos como o atentado de Manchester Arena em 2017.
O autor descreve uma política governamental de “espontaneidade controlada“, na qual vigílias e eventos inter-religiosos são pré-planejados para promover uma imagem de solidariedade e evitar reações violentas.
“Após o atentado de Southport, vimos a resposta oposta: espontaneidade descontrolada“, destaca Roussinos, exemplificando com o episódio em que o primeiro-ministro Keir Starmer foi hostilizado enquanto tentava prestar homenagens às vítimas. A população local, incrédula quanto à segurança oferecida pelo Estado, responsabilizou a classe política pela falta de proteção.
Nos distúrbios que seguiram, boatos de que o assassino era um refugiado muçulmano alimentaram ataques a policiais e tentativas de incendiar a mesquita local. “Protestantes carregavam cartazes exigindo que o Estado ‘deportasse’ imigrantes e ‘parasse os barcos’ para ‘proteger nossas crianças a qualquer custo'”, observa Roussinos.
O autor faz paralelos com a Irlanda, onde distúrbios recentes em Dublin também foram uma reação explícita à migração em massa. Em ambos os países, a violência étnica está sendo erroneamente atribuída a figuras como Tommy Robinson, ignorando as motivações dos próprios manifestantes. “Esquerdistas britânicos culpam Nigel Farage, a mídia, o Partido Conservador, o Partido Trabalhista e Vladimir Putin pelos distúrbios”, enquanto evitam reconhecer o termo científico-social de “conflito étnico”.
Roussinos cita a acadêmica Elaine Thomas, que em 1998 já observava que o Reino Unido evita debates sobre conflitos étnicos para evitar suas implicações políticas. Entretanto, a política de multiculturalismo implementada pelo “Novo Trabalhismo”, com a intenção de transformar o Reino Unido em uma sociedade multiétnica, acabou sendo revertida após os tumultos étnicos de 2001. “A ênfase na coesão comunitária foi aumentada pelos ataques jihadistas dos anos 2000 e 2010”, escreve Roussinos.
Apesar da retórica multicultural, o Reino Unido adotou uma política de assimilação forçada dos imigrantes, enquanto tenta evitar conflitos étnicos sob o pretexto de “valores britânicos”. Starmer, ao tentar direcionar o discurso para “crimes com facas”, mostra a incapacidade do Estado de abordar francamente as tensões étnicas. “Quando ocorre em nosso próprio país, essas dinâmicas são perigosas demais para serem nomeadas”, ressalta Roussinos.
A política britânica de evitar a identificação étnica em conflitos, contrastada com o engajamento profundo em questões raciais, dificulta a gestão eficaz das tensões. “O estado britânico promoveu a nova identidade ‘BAME’, agrupando vários grupos étnicos desconectados geograficamente”, critica o autor, destacando a recente mudança terminológica para “maioria global”.
Para Roussinos, a abordagem do governo aos distúrbios étnicos minoritários e aos distúrbios da maioria étnica britânica é desproporcional de propósito. “O objetivo não é prevenir o crime, mas simplesmente abafar a violência interétnica”, argumenta. Ele conclui que, apesar das tensões, não haverá ruptura violenta, mas uma continuação do status quo com mais episódios de desordem e um Estado mais coercitivo.
Quem é Aris Roussinos
Aris Roussinos é um jornalista e analista britânico, conhecido por suas coberturas de conflitos e análises geopolíticas. Ele escreveu extensivamente sobre questões de identidade, migração e segurança, e é autor de diversos artigos que exploram as complexidades das políticas internas e externas do Reino Unido. Roussinos tem contribuído regularmente para veículos como UnHerd e outros meios de comunicação britânicos, trazendo uma perspectiva crítica e informada sobre temas contemporâneos.
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