Temperaturas na Antártida alcançam recordes históricos em julho
O fenômeno não é isolado e gera preocupação quanto ao derretimento das camadas de gelo e impactos na fauna local.
Em julho de 2024, as temperaturas do solo na Antártida registraram uma média de 10°C acima do normal. Em alguns dias do mês, foram anotadas marcações de até 28°C no continente. Este fenômeno climático extremo marcou a segunda onda de calor a atingir a região nos últimos dois anos – a anterior ocorreu em março de 2022, quando as temperaturas chegaram a 39°C, provocando o colapso de uma parte da camada de gelo do tamanho de Roma, na Itália.
Michael Dukes, diretor de previsão do MetDesk, destacou em entrevista ao The Guardian que, embora as altas temperaturas diárias individuais já sejam surpreendentes, o aumento médio ao longo do mês é ainda mais significativo. Ele afirmou: “Normalmente, você não pode olhar apenas para um mês para uma tendência climática, mas está bem alinhado com o que os modelos preveem.”
Onda de calor na Antártida: Quais os impactos?
As implicações desta onda de calor vão além dos números no termômetro. Dukes explicou que “na Antártida, geralmente, esse tipo de aquecimento no inverno, continuando nos meses de verão, pode levar ao colapso das camadas de gelo.” Esse cenário é preocupante, pois aponta para possíveis consequências desastrosas para o equilíbrio climático global.
Zeke Hausfather, cientista pesquisador da Berkeley Earth, afirmou que a onda de calor da Antártida “foi definitivamente um dos maiores impulsionadores do aumento das temperaturas globais nas últimas semanas”. Segundo ele, “a Antártida como um todo aqueceu junto com o mundo nos últimos 50 anos, e neste caso há 150 anos, então qualquer onda de calor está começando dessa linha de base elevada”.
O que está causando esse calor extremo na Antártida?
A causa primordial dessa condição alarmante está num vórtice polar enfraquecido – um cinturão de ar frio e baixa pressão que gira na estratosfera em torno de cada polo. Jamin Greenbaum, geofísico da Instituição Scripps de Oceanografia da Universidade da Califórnia, expressou sua inquietação quanto ao futuro da região perante tais mudanças climáticas.
Greenbaum, que possui vasta experiência em expedições à Antártida Oriental, comentou: “A maioria das minhas expedições de campo foram para a Antártida Oriental, onde vi um derretimento crescente ao longo dos anos. Embora eu esteja, é claro, alarmado ao ver esses relatos do vórtice polar enfraquecido causando a tremenda onda de calor lá, também não estou surpreso, considerando que isso é, infelizmente, um resultado esperado das mudanças climáticas.”
Como as mudanças climáticas estão transformando a Antártida?
Nas redes sociais, Jonathan Overpeck, cientista climático da Escola de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Universidade de Michigan, classificou a recente onda de calor na Antártida como um “sinal revelador de que as mudanças climáticas estão realmente começando a transformar o planeta”.
A constatação de Overpeck sublinha a mensagem que cientistas e especialistas vêm repetindo há anos: as mudanças climáticas estão aqui, e seus efeitos são visíveis e mensuráveis. A Antártida, uma região vital para o equilíbrio climático global, está cada vez mais vulnerável.
Para destacar a seriedade dessas mudanças, consideramos alguns pontos fundamentais:
- Derretimento das camadas de gelo: O aumento das temperaturas acelera o derretimento, contribuindo para a elevação do nível do mar.
- Impacto na fauna local: Espécies adaptadas ao frio extremo enfrentam riscos de extinção devido às alterações no seu habitat.
- Feedback climático: O derretimento do gelo expõe áreas escuras que absorvem mais calor, criando um ciclo de aquecimento.
O alarmante cenário na Antártida é um sinal claro da necessidade urgente de ações globais coordenadas para combater o aquecimento global. A continuidade dessa tendência pode trazer consequências catastróficas não apenas para a Antártida, mas para todo o planeta.
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