Diplomata argentino relata “horas traumáticas” na Venezuela
Andrés Mangiarotti diz que, em pelo menos uma ocasião, viaturas policiais apareceram durante a noite com pessoas armadas e encapuzadas
Encarregado de negócios da embaixada argentina em Caracas, Andrés Mangiarotti relatou as “horas traumáticas” vividas após a notificação do regime de Nicolás Maduro sobre a expulsão dos funcionários do corpo diplomático.
“Tivemos que deixar a residência e a embaixada em 72 horas. Somos uma equipe de cinco diplomatas, cada um com suas famílias, num total de 14 pessoas”, disse Mangiarotti ao Clarín.
Ele descreveu os problemas que tiveram de lidar depois da notificação: “Escolas infantis que tiveram de fechar, rendas que tiveram que terminar, carros que tiveram de vender”.
Mangiarotti descreveu que o clima antes das eleições de domingo era “tenso”, mas afirmou que não esperava ter de “fugir” da Venezuela em tão pouco tempo. Segundo disse, alguns diplomatas precisaram deixar locais onde viveram nos últimos 20 anos.
Ele afirmou ainda que, desde o dia seguinte às eleições, a residência da embaixada argentina foi monitorada pela polícia venezuelana, sofreu “bullying” e cortes de energia. Disse que, em pelo menos uma ocasião, viaturas policiais apareceram durante a noite com pessoas armadas e encapuzadas.
“Foram dias bastante tensos para toda a equipe. Estávamos dormindo por três horas.”
A equipe diplomática chegou à Argentina na madrugada deste sábado, 3 de julho, depois de uma viagem de mais de um dia, que incluiu escalas em Portugal e Espanha.
Além da Argentina, o regime de Maduro expulsou missões diplomáticas do Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.
O que une todos esses sete países é a recusa a reconhecer as eleições venezuelanas do domingo, 28. O processo, marcado por fraude, reelegeu Maduro para mais um mandato de cinco anos.
Os chefes de Estado de alguns desses países, como Argentina e Chile, em especial, denunciaram a farsa em declarações públicas. O Panamá chegou a romper relações.
Brasil, México e Colômbia blindam Maduro
Brasil, Colômbia e México se abstiveram de votar na resolução da Organização dos Estados Americanos que exigia que o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela apresentasse as atas da votação de 28 de julho.
Os três países também emitiram conjuntamente uma nota equiparando a ditadura de Nicolás Maduro aos manifestantes pró-democracia, falando em controvérsias sobre o processo eleitoral a serem dirimidas pela via institucional, como se houvesse institucionalidade idônea no regime de ditatorial de Nicolás Maduro.
O Brasil de Lula, a Colômbia de Gustavo Petro e o México, de López Obrador têm barrado o esforço dos outros países em colocar pressão contra a ditadura de Nicolás Maduro, que já matou dezenas de pessoas que protestavam contra o resultado oficial que assegurava a manutenção de Maduro no poder.
Segundo o jornal O Globo, os chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, e do México, Alicia Bárcena, estão considerando uma ida a Caracas nos próximos dias para tentar negociar um acordo, sem a participação da líder da oposição, María Corina.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)