Ditadura da Venezuela cancela voos de países que criticam Maduro
Suspensão de voos comerciais acirra tensões diplomáticas entre Venezuela e nações que não reconheceram a reeleição de Nicolás Maduro
Em uma decisão que escalou ainda mais as tensões diplomáticas, a ditadura venezuelana suspendeu temporariamente todos os voos comerciais entre seu território e o Panamá, a República Dominicana e o Peru. Estes países não reconheceram a reeleição do ditador Nicolás Maduro.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, outros países que também sofreram retaliações diplomáticas por parte de Caracas, após expressarem críticas ao resultado eleitoral, incluem Argentina, Chile, Costa Rica e Uruguai. O Brasil interveio assumindo a custódia da legação argentina em Caracas, além de fornecer proteção aos refugiados abrigados pela embaixada de Buenos Aires e à legação peruana.
Em um comunicado divulgado nesta quarta-feira, 31, a Latam Airlines informou a suspensão de seus voos entre Lima e Caracas, pedindo desculpas aos clientes afetados. O governo venezuelano justificou a suspensão dos voos com o Panamá e a República Dominicana, acusando esses países de interferirem nos assuntos internos da Venezuela.
Resposta panamenha
O presidente panamenho, José Raul Mulino, retaliou a decisão de Caracas ao também proibir voos entre os dois países, afetando operações de empresas como a Copa Airlines e a Zona Livre de Colón, a maior zona franca da América Latina. “Ninguém entra ou sai [em aviões panamenhos] da Venezuela enquanto a situação não melhorar naquele país. Lamentamos pelos negócios e empresas afetadas, mas os princípios não são negociáveis”, declarou Mulino.
Mulino ainda criticou a comunidade internacional por sua reação ao resultado das eleições na Venezuela: “O que aconteceu na Venezuela é inaceitável, mas mais inaceitável ainda é o desprezo da comunidade internacional que virou as costas com argumentos absurdos e incoerentes, sem nenhum suporte às normas do direito internacional.”
Países não reconhecem Maduro como presidente
O isolamento diplomático da Venezuela se intensificou ainda mais com o reconhecimento da vitória do opositor Edmundo González por seis países: Peru, Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Equador e Costa Rica. Todos esses países, comandados por governos de direita, rejeitaram o resultado anunciado pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) da Venezuela, que declarou Maduro vencedor com 51% dos votos contra 44% de González.
Até o momento, a Venezuela não apresentou as atas eleitorais que comprovariam esses números, apesar da pressão de países como Estados Unidos, Colômbia e Brasil. A oposição, por sua vez, afirma ter tido acesso a esses documentos e publicou o que diz serem as atas oficiais em um site, declarando González como vencedor com 67% dos votos, contabilizados em 80% das mesas de votação.
Maduro profana Bíblia para não exibir atas: “Maioria acreditou” sem ver
Para legitimar a falta de divulgação das atas de votação de domingo, 28 de julho, na Venezuela, o ditador Nicolás Maduro leu na Bíblia, na quinta-feira, 1 de agosto, uma fala de Jesus Cristo sobre a necessidade de São Tomé de vê-Lo de perto após a crucificação para crer na ressurreição relatada por outros discípulos.
“Bem-aventurados os que não viram, e creram”, disse Maduro, citando Jesus. “Felizmente, a maioria acreditou e nós vencemos”, emendou, fazendo-se de filho de Deus.
Depois, o ditador alegou novamente que havia atribuído à oposição o “banho de sangue” que ele havia prometido em caso de derrota eleitoral e saudou também aqueles que, segundo ele, “agora, sim, viram” do que os “fascistas” são capazes. Em mais uma amostra de sua indisposição para deixar o poder, declarou ainda que eles “nunca mais” voltarão. “Jamais.”
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