O que, afinal, Janja realmente foi fazer em Paris?
Presença de Janja como representante do presidente corrompe uma das instituições mais importantes do país: a Presidência da República
A participação da primeira-dama Janja representando o presidente Lula extraoficialmente em eventos oficiais, como as Olimpíadas de Paris, pode parecer um detalhe insignificante, mas é uma questão grave que toca em dois pontos: democracia e direitos das mulheres.
Primeiramente, com relação à democracia, a presença de Janja como representante do presidente corrompe uma das instituições mais importantes do país: a Presidência da República. Existe um protocolo claro sobre quem pode representar o presidente – o vice-presidente, o presidente da Câmara dos Deputados, o presidente do Senado, ou ministros do STF. Essas pessoas não têm apenas o direito de representar a presidência; elas têm deveres que podem e devem ser cobrados. Quando essa linha é cruzada e a presidência é representada por familiares sem cargo oficial, começamos a banalizar e enfraquecer as instituições democráticas.
Um exemplo de banalização das funções públicas é o evento folclórico em que cobraram o ex-senador Gilvan Borges por empregar a mãe e a mulher no gabinete. Ele teria respondido algo como: “Não é função de confiança? Uma me pariu e outra dorme comigo, quer mais confiança que isso?”.
Esse tipo de atitude diminui a seriedade das instituições e transforma algo formal e respeitável em uma questão de nepotismo e favorecimento pessoal. O presidente Lula precisa ser cobrado sobre essa prática. Se ele deseja que Janja tenha um papel ativo no governo, ele tem duas opções: dar-lhe um cargo oficial ou criar uma instituição formal para a primeira-dama, como existe nos Estados Unidos. Não fazer isso é permitir a erosão de uma das instituições mais vitais da democracia.
Em segundo lugar, temos a questão dos direitos das mulheres. Janja se apresenta como feminista, e a esquerda a defende como tal. No entanto, há uma contradição aqui. A figura da primeira-dama, por definição, é incompatível com o feminismo. Uma feminista histórica, como Ruth Cardoso, já falou sobre isso, destacando o conflito entre pregar o feminismo e abdicar de sua vida pessoal para seguir o marido.
Além disso, a situação de Janja reflete uma dinâmica doméstica onde a mulher é exaltada, mas não é oficializada em um papel com direitos claros. Ela está em uma posição de destaque, mas sem um papel oficial, dependendo sempre da vontade do marido. Isso não é empoderamento, é uma versão tradicional do patriarcado onde o homem dá e tira conforme sua conveniência, dá benefícios mas jamais oficializa nada.
A questão da primeira-dama precisa ser enfrentada. O presidente Lula deve oficializar o papel de Janja no governo, conferindo-lhe direitos e deveres, ou ela deve se ater às funções tradicionais de uma primeira-dama, que não fazem parte do governo oficial. Esta situação precisa ser resolvida para que as instituições democráticas e os direitos das mulheres sejam respeitados.
O que, afinal, Janja realmente foi fazer em Paris?
Presença de Janja como representante do presidente corrompe uma das instituições mais importantes do país: a Presidência da República
A participação da primeira-dama Janja representando o presidente Lula extraoficialmente em eventos oficiais, como as Olimpíadas de Paris, pode parecer um detalhe insignificante, mas é uma questão grave que toca em dois pontos: democracia e direitos das mulheres.
Primeiramente, com relação à democracia, a presença de Janja como representante do presidente corrompe uma das instituições mais importantes do país: a Presidência da República. Existe um protocolo claro sobre quem pode representar o presidente – o vice-presidente, o presidente da Câmara dos Deputados, o presidente do Senado, ou ministros do STF. Essas pessoas não têm apenas o direito de representar a presidência; elas têm deveres que podem e devem ser cobrados. Quando essa linha é cruzada e a presidência é representada por familiares sem cargo oficial, começamos a banalizar e enfraquecer as instituições democráticas.
Um exemplo de banalização das funções públicas é o evento folclórico em que cobraram o ex-senador Gilvan Borges por empregar a mãe e a mulher no gabinete. Ele teria respondido algo como: “Não é função de confiança? Uma me pariu e outra dorme comigo, quer mais confiança que isso?”.
Esse tipo de atitude diminui a seriedade das instituições e transforma algo formal e respeitável em uma questão de nepotismo e favorecimento pessoal. O presidente Lula precisa ser cobrado sobre essa prática. Se ele deseja que Janja tenha um papel ativo no governo, ele tem duas opções: dar-lhe um cargo oficial ou criar uma instituição formal para a primeira-dama, como existe nos Estados Unidos. Não fazer isso é permitir a erosão de uma das instituições mais vitais da democracia.
Em segundo lugar, temos a questão dos direitos das mulheres. Janja se apresenta como feminista, e a esquerda a defende como tal. No entanto, há uma contradição aqui. A figura da primeira-dama, por definição, é incompatível com o feminismo. Uma feminista histórica, como Ruth Cardoso, já falou sobre isso, destacando o conflito entre pregar o feminismo e abdicar de sua vida pessoal para seguir o marido.
Além disso, a situação de Janja reflete uma dinâmica doméstica onde a mulher é exaltada, mas não é oficializada em um papel com direitos claros. Ela está em uma posição de destaque, mas sem um papel oficial, dependendo sempre da vontade do marido. Isso não é empoderamento, é uma versão tradicional do patriarcado onde o homem dá e tira conforme sua conveniência, dá benefícios mas jamais oficializa nada.
A questão da primeira-dama precisa ser enfrentada. O presidente Lula deve oficializar o papel de Janja no governo, conferindo-lhe direitos e deveres, ou ela deve se ater às funções tradicionais de uma primeira-dama, que não fazem parte do governo oficial. Esta situação precisa ser resolvida para que as instituições democráticas e os direitos das mulheres sejam respeitados.