A trama cinematográfica da explosão que eliminou Ismail Haniyeh
O líder político do Hamas foi eliminado na quarta-feira, 31, no Irã, em explosão atribuída a Israel
Ismail Haniyeh, um dos principais líderes do Hamas, foi eliminado na madrugada de quarta-feira, 31 de julho, por um dispositivo explosivo secretamente contrabandeado para a pousada de Teerã onde ele estava hospedado, de acordo com sete autoridades do Oriente Médio, incluindo duas iranianas e uma americana, ouvidas pelo New York Times.
“A bomba havia sido escondida há aproximadamente dois meses na pousada, de acordo com cinco autoridades do Oriente Médio. A pousada é administrada e protegida pelo IRGC [sigla em inglês para Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica, também chamado de Guarda Revolucionária Iraniana] e faz parte de um grande complexo, conhecido como Neshat, em um bairro sofisticado do norte de Teerã.
O Sr. Haniyeh estava na capital do Irã para a posse presidencial. A bomba foi detonada remotamente, disseram os cinco funcionários, uma vez que foi confirmado que ele estava dentro de seu quarto na pousada. A explosão também matou um guarda-costas.
A explosão abalou o prédio, quebrou algumas janelas e causou o colapso parcial de uma parede externa, de acordo com as duas autoridades iranianas, membros da Guarda Revolucionária informados sobre o incidente. Tal dano também foi evidente em uma fotografia do prédio compartilhada com o The New York Times.
O Sr. Haniyeh, que havia liderado o escritório político do Hamas no Catar, ficou na pousada várias vezes ao visitar Teerã, de acordo com as autoridades do Oriente Médio. Todos os funcionários falaram sob a condição de anonimato para compartilhar detalhes sensíveis sobre o assassinato.”
Falha “catastrófica” de inteligência e segurança do Irã
Após o assassinato de Haniyeh, aventou-se a possibilidade de Israel ter eliminado o líder do Hamas com um ataque de míssil, possivelmente disparado por um drone ou um avião. A teoria, no entanto, perdeu força diante do reforço na segurança realizado em Teerã para a posse do recém-eleito presidente iraniano Masoud Pezeshkian.
Autoridades iranianas disseram ao New York Times que os assassinos de Haniyeh conseguiram explorar uma falha de segurança no complexo supostamente bem guardado onde o terrorista do Hamas ficou hospedado.
“Tal violação, disseram três autoridades iranianas, foi uma falha catastrófica de inteligência e segurança para o Irã e um tremendo constrangimento para a Guarda, que usa o complexo para retiros, reuniões secretas e hospedagem de convidados importantes como o Sr. Haniyeh.
Como a bomba foi escondida na casa de hóspedes permaneceu obscuro. As autoridades do Oriente Médio disseram que o planejamento do assassinato levou meses e exigiu vigilância extensiva do complexo. As duas autoridades iranianas que descreveram a natureza do assassinato disseram que não sabiam como ou quando os explosivos foram plantados no quarto.”
Líder da Jihad Islâmica continua vivo
Hospedado na porta ao lado, o líder da Jihad Islâmica Palestina, Ziyad al-Nakhalah, conseguiu sobreviver à explosão, indicando um planejamento preciso do ataque a Ismail Haniyeh e corroborando com a tese de que a explosão ocorreu de dentro para fora.
Al-Nakhalah, assim como Haniyeh, estava em Teerã para acompanhar a posse de Masoud Pezeshkian. Antes da cerimônia, ambos se reuniram com o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã.
Ameaças a Israel
A morte do líder político do Hamas gerou uma onda de ameaças a Israel, embora nem as Forças de Defesa israelenses, nem o Mossad tenham assumido a autoria do ataque que eliminou Haniyeh.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, condenou o assassinato, chamando-o de “ato covarde e um desenvolvimento perigoso” que não ficará sem resposta.
O Hamas responsabilizou Israel pelo ataque e afirmou que a morte de Haniyeh não enfraquecerá sua resistência.
O Conselho de Segurança Nacional do Irã declarou que a ação “cruzou linhas vermelhas” e que Israel pagará um preço alto. O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, prometeu vingança e reforçou o compromisso do Irã com a resistência palestina.
O aiatolá Ali Khamenei prometeu “punição severa” aos responsáveis e afirmou que é dever do Irã vingar o sangue de Haniyeh.
Em pronunciamento, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que “Israel está pronto para qualquer cenário”.
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