Dirceu sai em defesa de Maduro e até do voto impresso
O ex-ministro de Lula afirmou que o ditador foi "proclamado vitorioso" pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela e "cumprirá seu novo mandato"
O petista José Dirceu, arquiteto do mensalão e do petrolão, saiu em defesa da fraude eleitoral promovida pelo regime de Nicolás Maduro no domingo, 28.
No Instagram, o ex-ministro-chefe da Casa Civil de Lula afirmou que o ditador foi “proclamado vitorioso” pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela e “cumprirá seu novo mandato”.
Dirceu afirmou que não dá para apontar fraude “sem provar e sem a conferência das atas”, embora tenha sido o CNE, aparelhado pelo regime chavista, que impediu o acesso da oposição, da imprensa e dos observadores internacionais às atas eleitorais.
Voto impresso
O ex-ministro de Lula também defendeu o voto impresso utilizado na Venezuela, alegando se tratar de um “sistema seguro e inviolável”.
“Há fiscais em todas as sessões e no órgão eleitoral nacional – o CNE – a oposição tem 3 membros”, acrescentou Dirceu.
Na contramão de Dirceu, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, afirmou na terça-feira, 30, que o voto impresso sempre “foi sinônimo de fraude” e que a situação da Venezuela “não tem nenhuma chance de ocorrer no Brasil”.
“Voto impresso com contagem pública manual: essa era a proposta de emenda constitucional. No Brasil ,o voto impresso, desde o início da República, foi sinônimo de fraude. Em 1996, a gente implanta um sistema de urnas eletrônicas e acabou a fraude. Isso que está acontecendo na Venezuela hoje não tem nenhuma chance de acontecer no Brasil, ou o tipo de denúncia que o Trump fez na eleição anterior, que ele perdeu de votação pelo Correio, aqui a votação é eletrônica, o código fonte é aberto um ano antes, todo mundo pode fiscalizar, a gente traz observadores estrangeiros, abre para a imprensa, abre para os partidos, abre para a Polícia Federal, para o Ministério Público, todo mundo pode olhar e, portanto, nós nos empenhamos para não deixar voltar o voto impresso. Eu mesmo empenhei muito”, disse Barroso, que presidiu o Tribunal Superior Eleitoral entre 2020 e 2022.
Suspeitas sobre a oposição venezuelana
No comunicado, Dirceu acusou a oposição venezuelana, liderada por María Corina Machado e representada na votação por Edmundo González, de abrigar setores golpistas “articulados com interesses norte-americanos, que apoiaram as sanções e o sequestro das reservas da Venezuela”.
Como o Papo Antagonista mostrou, na edição de 30 de julho, José Dirceu intermediou a relação entre o governo chavista e os então marqueteiros do PT João Santana e sua esposa, Mônica Moura.
Leia na íntegra a defesa de Dirceu a Maduro
“O presidente Nicolás Maduro foi proclamado o vitorioso nas eleições venezuelanas e cumprirá seu novo mandato.
O discurso de desconfiança foi imediato, mas já vimos esse filme antes. Somos experientes em relação à alegação de fraude eleitoral perante a derrota. Com Jair Bolsonaro foi assim, e antes dele Aécio Neves. Em comum a ideia de colocar o órgão eleitoral em suspeição e a própria urna eletrônica. Até Donald Trump apelou para a fraude.
É preciso lembrar que, na Venezuela, o voto é impresso e depositado numa urna. Logo o sistema é seguro e inviolável. Há fiscais em todas as sessões e no órgão eleitoral nacional – o CNE – a oposição tem 3 membros.
Não podemos fazer como setores da mídia brasileira, que parte do princípio de que Maduro não pode vencer, e se venceu é porque houve fraude.
Precisamos aguardar a conferência das atas e não dar razão à oposição, muito menos às manifestações violentas.
É importante destacar ainda que na oposição há setores golpistas articulados a interesses norte-americanos, que apoiaram as sanções e o sequestro das reservas da Venezuela, isto é, violaram a soberania do país e da lei internacional.
Em 2013, Henrique Capriles perdeu a eleição e creditou a derrota à fraude. Mas nunca apresentou provas.
Não dá para apontar fraude sem provar e sem a conferência das atas.
Eis por que se posicionaram corretamente México, Colômbia e Brasil, a despeito de toda a gritaria da oposição venezuelana e do entusiasmo da mídia brasileira com a tese da fraude.”
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