“Não se configura como democracia”, diz Marina sobre Venezuela
A declaração da ministra destoa do presidente Lula, para quem a farsa eleitoral promovida pelo regime chavista se trata de um "processo normal", e do PT
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que a Venezuela, do ditador Nicolás Maduro, “não se configura como uma democracia”.
A declaração da ministra destoa do presidente Lula, para quem a farsa eleitoral promovida pelo regime chavista se trata de um “processo normal”, e do PT, que chamou a fraude de “democrática” ao reconhecer a “vitória” do ditador.
“Na minha opinião pessoal, eu não falo pelo governo, não se configura como uma democracia. Muito pelo contrário. O Brasil está muito correto quando diz que quer ver o resultado eleitoral, os mapas, todas as comprovações de que de fato houve ali uma decisão soberana do povo venezuelano”, disse Marina em entrevista ao Metrópoles, publicada nesta quarta-feira, 31.
“Um regime democrático pressupõe que as eleições são livres, que os sistemas são transparentes, que não haja nenhuma forma de perseguição política ou tentativa de inviabilizar com que os diferentes segmentos da sociedade, que legitimamente têm o direito de pleitear, cheguem ao poder. Que não venham a sofrer qualquer tipo de constrangimento ou impedimento”, acrescentou.
“Quando se trata de política externa, o governo está correto em buscar as cautelas necessárias. Mas a cobrança foi veemente. O fato de fazer essa cobrança é uma forma de colaborar com o fortalecimento da democracia no nosso continente, e de que a gente não tenha nenhum tipo de atitude que venha extrapolar esse princípio. Eu sempre trato a democracia, os direitos humanos, como um valor. E valores não podem ser relativizados”, completou a ministra.
“Processo normal”, Lula?
Lula se manifestou nesta terça-feira, 30, sobre a farsa eleitoral de Nicolás Maduro, para dizer que se trata de um “processo normal”.
“Tem uma briga, como é que vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com recurso. Sabe?”, disse Lula em entrevista transmitida pela GloboNews.
“E vai esperar na Justiça, tomar o processo. E aí, vai ter uma decisão que a gente tem que acatar. Eu estou convencido de que é um processo normal, tranquilo. O que precisa é que as pessoas que não concordam tenham o direito de provar que não concordam e o governo tenha o direito de provar que está certo”, seguiu o presidente brasileiro, cujo governo ainda não reconheceu a eleição de Maduro oficialmente.
Nota do PT
Lula também comentou a nota em que o PT, seu partido, celebrou a proclamação da “vitória” de Maduro. “A nota do Partido dos Trabalhadores reconhece… elogia o povo venezuelano pelas eleições pacíficas de houveram (sic). E, ao mesmo tempo, ele reconhece que o tribunal eleitoral já reconheceu o Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não. Então tem um processo”, disse.
Segundo o petista, “não tem nada de grave, não tem nada assustador”. “Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a terceira guerra mundial. Não tem nada de anormal. Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve outra pessoa que disse que teve 40 e pouco por cento, um concorda, o outro, não. Entra na Justiça e a Justiça faz”, minimizou Lula.
Durante o “processo normal” a que o petista se refere, a oposição foi impedida de acompanhar a apuração dos votos e opositores do regime foram presos após as primeiras contestações da eleição.
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