Furacões no atlântico podem impactar clima no Brasil
Entenda o impacto do aquecimento do Atlântico Norte nos furacões e na seca na Amazônia, além da projeção preocupante da La Niña para o final de 2024.
O clima em 2024 tem sido uma verdadeira caixinha de surpresas. Após um primeiro semestre marcado por eventos extremos – com calor implacável e enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul – as previsões para o segundo semestre também não são menos preocupantes. O aquecimento significativo das águas do Atlântico Norte está desempenhando um papel crucial na intensificação dos padrões climáticos, com possível influência direta sobre a severidade da seca na Amazônia e outras regiões do Brasil.
A relação entre a temperatura elevada do Atlântico e os fenômenos climáticos extremos está cada vez mais evidente. De acordo com cientistas, este aquecimento está servindo como combustível para a formação e intensificação de sistemas atmosféricos complexos, que incluem a ocorrência de furacões potencialmente devastadores e períodos de seca ainda mais severos nas regiões Norte e Centro-Oeste do país.
Por que os furacões estão se tornando mais frequentes e intensos?
O meteorologista Tércio Ambrizzi, coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Mudanças Climáticas da USP, aponta que os furacões, como o Beryl, que recentemente atingiu recordes históricos, são diretamente influenciados pelo aquecimento do Atlântico. Esses grandes sistemas podem trazer repercussões significativas para o clima na América do Sul, especialmente em termos de precipitação e seca na região Amazônica.
Quais são os impactos da La Niña no clima global e local?
A projeção de uma La Niña a partir de setembro aumenta ainda mais a complexidade do cenário climático para o final de 2024. Esse fenômeno, que tradicionalmente reduz os padrões de vento e complica a organização de sistemas de tempestades, pode intensificar ainda mais a frequência e intensidade dos furacões na região do Atlântico. Conforme explica Regina Rodrigues, professora de Oceanografia, este cenário pode ser considerado uma “receita do diabo” para tempestades severas.
E os efeitos no Brasil? Como ficam as secas na Amazônia e no Pantanal?
Para a Amazônia e o Pantanal, a previsão não é nada otimista. José Marengo, climatologista, sinaliza que a falta de chuvas pode agravar ainda mais a situação de seca nessas regiões, principalmente ao final de 2024 e início de 2025. O Pantanal, conhecido por seu setembro seco, poderá enfrentar um dos períodos mais críticos dos últimos anos, tornando essencial a monitorização e adoção de medidas de gestão de recursos hídricos mais eficazes.
Enquanto isso, outras partes do Brasil, como o Centro-Oeste e o Sudeste, também experimentam precipitações abaixo do esperado, com o inverno sendo mais quente do que a média e algumas poucas ondas de frio. A primavera e o verão de 2025, ainda sob influência da La Niña, prometem seguir essa tendência de calor predominante, desafiando os padrões climáticos tradicionais e exigindo adaptações significativas em diversos setores, especialmente na agricultura e gestão de desastres naturais.
Diante deste cenário desafiador, torna-se imprescindível a conscientização sobre as mudanças climáticas e a importância de políticas ambientais robustas que possam mitigar os impactos dessas condições extremas. O futuro climático de 2024 parece incerto e possivelmente tumultuado, requerendo uma atenção redobrada de cientistas, governantes e sociedade como um todo.
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