TSE e MST vão observar as “eleições” na Venezuela
Maduro proibiu a vinda ao país de missões de observação eleitoral com credibilidade, como da Organização dos Estados Americanos e da União Europeia. A grande maioria dos observadores estrangeiros convidados pertence a grupos que aplaudem a ditadura de Maduro
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) voltou atrás e agora decidiu enviar dois observadores para a eleição presidencial na Venezuela, que está marcada para o dia 28 de julho. Inicialmente, em junho, o tribunal havia se manifestado por meio de nota dizendo que não enviaria ninguém. A informação de que o TSE enviará observadores foi transmitida no dia 17 de julho, segundo a Agência Brasil.
Segundo o TSE, os servidores Sandra Damiani e José de Melo Cruz, especialistas em sistemas eleitores, farão parte da missão do tribunal no pleito. O Itamaraty afirmou que encara como positiva a medida, que, segundo o órgão, mostra que o Estado brasileiro como um todo está atento ao processo.
Quando, em junho, o TSE havia dito que não enviaria observadores, a decisão vinha na esteira de um recrudescimento das autoridades venezuelanas em relação a monitores internacionais na eleição.
Maduro proibiu a vinda ao país de missões de observação eleitoral com credibilidade, como da Organização dos Estados Americanos e da União Europeia. A grande maioria dos observadores estrangeiros convidados pertence a grupos que aplaudem a ditadura de Maduro.
Segundo editorial do Estadão de 17 de julho, “A ´normalidade’ de Lula na Venezuela”, as entidades do Brasil convidadas para observar as eleições são aquelas fiéis ao regime chavista, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz(Cebrapaz), além de brasileiros integrantes da Assembleia Internacional dos Povos e da Aliança Bolivariana Pelos Povos da Nossa América (Alba Movimentos).
No pleito venezuelano, no qual o presidente Nicolás Maduro concorrer à reeleição, há inúmeras prisões contra opositores às vésperas da votação, além de cerceamento de liberdade da população e dos meios de comunicação.
Como Maduro frauda as eleições?
O escritor, articulista e apresentador Andrés Oppenheimer listou alguns dos truques por meio dos quais o ditador Nicolás Maduro vem fraudando e pretende continuar a fraudar as eleições presidenciais:
Maduro desqualificou os principais líderes da oposição para concorrer. Entre eles, María Corina Machado, que venceu as primárias da oposição em outubro, com mais de 92% dos votos e é a figura mais importante da oposição.
O regime também proibiu a candidatura da substituta indicada por Machado, Corina Yoris, de 80 anos. Machado nomeou posteriormente o diplomata aposentado González Urrutia, de 74 anos, para concorrer em seu lugar.
O regime de Maduro impediu 4,5 milhões de exilados venezuelanos — ou mais de 21% do total de votantes — de poder se registrar para votar no exterior.
Não existe liberdade de imprensa na Venezuela. González Urrutia, Machado e outros líderes da oposição praticamente não têm acesso à TV aberta.
Machado faz campanha para González Urrutia de carro, porque todas as companhias aéreas nacionais estão proibidas de deixá-la embarcar em voos.
O regime prendeu dezenas de ativistas da oposição, para intimidar outros e evitar que façam campanha pela legenda da oposição unida.
Segundo um estudo divulgado poucos dias atrás pelo Observatório Global de Comunicação e Democracia há irregularidades de todos os tipos em 86% dos centros de votação
Em alguns centros de votação há um excesso de eleitores registrados, ao mesmo tempo em que muitos eleitores em distritos com maioria de oposição descobrem, como aconteceu nas últimas eleições, que seus locais de votação são mudados no último minuto para locais distantes.
As cédulas são formuladas para favorecer Maduro: na primeira e na segunda linhas, a foto com Maduro sorridente aparece 13 vezes, representando vários partidos reais e fictícios. Comparativamente, a foto de González Urrutia aparece apenas três vezes — e perdida nas linhas inferiores entre muitos outros candidatos menores.
Vários dos principais partidos da oposição sofreram “intervenção” da ditadura e agora são liderados por aliados de Maduro. O truque é fazer com que muitos eleitores acreditem que estão votando em um candidato da oposição, quando, na realidade, votarem em um servidor do regime.
Muitos locais de votação estão localizados em instalações de “missões” que fornecem subsídios sociais e em edifícios residenciais pagos pelo governo, onde funcionários do partido governista podem intimidar as pessoas recomendando-lhes que votem em Maduro sob a ameaça de perderem seus benefícios.
Apesar de tudo isso, a poucas semanas da eleição, o candidato opositor de centro-direita, Edmundo González Urrutia, lidera as pesquisas com 68,4% das intenções de voto, contra 11,3% de Maduro, segundo um levantamento do instituto Meganalisis. Outras sondagens registram vantagem similar ao candidato opositor.
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