Crusoé: Radicalmente moderadas
Como a francesa Marine le Pen e a italiana Giorgia Meloni levaram seus partidos mais para o centro, mas seguem sendo rotuladas por muitos como de "extrema-direita"
“Quem é Giorgia Meloni, a líder de extrema-direita que deve ser a primeira mulher a governar a Itália”, dizia a manchete do jornal O Globo em 25 de setembro de 2022, reproduzindo conteúdo do The New York Times. No dia seguinte, era o Correio Braziliense: “Com Giorgia Meloni, extrema-direita triunfa nas urnas da Itália”. A revista Istoé não fez por menos: “A deputada Giorgia Meloni, da extrema-direita italiana, pode ser eleita e apavora a Europa”.
O mesmo consenso midiático se vê em relação à francesa Marine Le Pen, do partido Reagrupamento Nacional (RN). Já seus adversários nunca recebem os rótulos de extremistas, radicais ou “ultra”. No máximo, “esquerda”. Há poucos dias, a manchete do portal G1 era “Mélenchon, Tondelier, Glucksmann: quem é quem na aliança de esquerda na França”. Os outros seguiram a mesma linha ideológica, com raras exceções.
As acusações de extremismo contra Marine Le Pen e Giorgia Meloni (foto) frequentemente carecem de base factual e resultam de associações simplistas e historicamente desatualizadas com movimentos e líderes do passado.
O discurso mudou
Marine Le Pen tem adotado uma série de estratégias para modernizar seu partido e ampliar o apelo eleitoral. Essas mudanças incluem o total afastamento das posturas antissemitas de seu pai, Jean-Marie Le Pen, uma aproximação com causas feministas, um distanciamento da Rússia e um apoio declarado a Israel.
Jean-Marie Le Pen, fundador do partido originalmente chamado Frente Nacional, era conhecido por suas declarações infames e racistas. Ele chegou a minimizar o Holocausto, chamando as câmaras de gás nazistas de “detalhe” da história. Marine Le Pen, ao assumir a liderança do partido, em 2011, iniciou um processo de expurgo na sigla, que incluiu a expulsão de seu pai, do partido em 2015. Ela afirmou: “Eu não sou Jean-Marie Le Pen.”
Ela tem participado de manifestações contra o antissemitismo e adotado uma postura claramente pró-Israel, muito mais do que o governo brasileiro, que não costuma ser chamado de extremista. A líder do RN descreveu os ataques terroristas do Hamas como “massacres” e apoiou a…
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