A posição do papa sobre “terapias de conversão” ou “cura gay”
Segundo revista, o papa rejeitou as chamadas “terapias de conversão” de pessoas homossexuais, defendidas e praticadas no contexto de alguns setores ultraconservadores dentro da Igreja Católica
O papa Francisco rejeitou recentemente as chamadas “terapias de conversão” de pessoas homossexuais, defendidas e praticadas no contexto de alguns setores ultraconservadores dentro da Igreja Católica, segundo a revista Vida Nueva.
A publicação diz ter confirmado que o papa recusou “absolutamente e sem qualquer margem de dúvidas” o recurso a terapias de conversão.
A reflexão de Francisco coincide com a denúncia apresentada, precisamente em Valência, pelos ex-alunos da escola católica Madre Josefa Campos, na localidade de Alaquàs, contra uma professora que usava de tudo, desde comprimidos a injeções para, segundo o depoimento dos demandantes, “curar a homossexualidade”.
A professora também é diretora do Centro de Orientação Familiar, instituição vinculada à Arquidiocese de Valência. O Arcebispado anunciou uma investigação sobre o assunto, enquanto a direção do centro abriu um processo disciplinar contra a professor e pondera denunciar estas práticas ao Ministério Público.
Denúncias anteriores
A mesma revista revelou que o Dicastério para o Clero, liderado pelo Cardeal Prefeito Beniamino Stella, exortou os bispos em 2021 a não apoiarem, participarem ou recomendarem estes tratamentos.
A Santa Sé rejeitou especificamente a atividade da “Verdade e Liberdade”, uma entidade que desde 2013 ofereceu o que era aparentemente um “itinerário de esperança” para o que chamam de “Atração pelo Mesmo Sexo”.
As atividades concentraram-se em Granada, mas em Solsona e Valência encontravam-se alguns dos principais centros de recrutamento de jovens e adultos susceptíveis de fazer parte deste processo de conversão.
Como corroborou Vida Nueva na época, sacerdotes, religiosos e leigos teriam participado desses cursos de cura. A preocupação do Vaticano foi tanta que o processo do estudo de caso culminou na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Espanhola, realizada entre 17 e 23 de abril de 2021. Na reunião dos bispos foi divulgado o relatório final de Roma, que condenou e proibiu expressamente terapias de conversão.
“Não reconhecemos”
“A Igreja não reconhece as terapias de conversão, não aprovamos estas terapias”. Foi o que expressou o então secretário-geral da Conferência Episcopal Espanhola, Luis Argüello, quando questionado sobre o parecer do Vaticano por ocasião da Comissão Permanente realizada em setembro de 2021.
“Infelizmente, em alguns espaços eclesiásticos, os ouvidos de mercador foram feitos e estas práticas continuam a ocorrer, agindo de forma mais sofisticada”, denuncia um bispo a esta revista.
Ambiguidade
O papa tem mantido uma relação ambígua com a comunidade LGBT. O pontífice pede respeito e valoriza as pessoas que não se encaixam no esquema tradicional da família, pregado pela Igreja. Ao mesmo tempo, entende que uma inclusão total nos rituais não é possível.
Em 2016, Francisco reafirmou uma instrução estabelecida por seu antecessor, Bento XVI, sobre a presença de homossexuais em seminários.
O documento diz que “a Igreja, embora respeite profundamente as pessoas em questão, não pode admitir no Seminário e nas Ordens Sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, têm tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiam a chamada cultura gay
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