O condomínio do Comando Vermelho
Autoridades investigam ligação entre empreendimento e Comando Vermelho; construções ilegais incluem habitações, lojas e espaços comunitários
No coração da comunidade Parque União, na Avenida Brigadeiro Trompowski, um condomínio clandestino com aproximadamente 40 prédios e 300 apartamentos atraiu a atenção das autoridades. Sob suspeita de ter sido financiado com dinheiro do tráfico local, comandado pelo Comando Vermelho, o empreendimento Novo Horizonte tornou-se alvo de uma operação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) nesta quarta-feira, 3.
Durante a operação, policiais descobriram que além das habitações, o complexo abrigava lojas, bares, uma fábrica de bolo e até um espaço para eventos comunitários. Segundo reportagem do O Globo, as investigações revelaram que os prédios, alguns com até cinco andares, foram construídos sem supervisão técnica adequada.
No local, funcionava também uma loja de materiais de construção, abastecendo as obras contínuas no condomínio. A DRE suspeita que o empreendimento começou a ser erguido em 2017, mas só recentemente a polícia tomou conhecimento de sua existência.
Área residencial do condomínio do Comando Vermelho
Os apartamentos, vendidos entre R$ 45 mil e R$ 80 mil, eram alugados por cerca de R$ 1.200 mensais. Em coletiva de imprensa, agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) anunciaram a demolição iminente das construções irregulares.
Até o momento, três testemunhas foram ouvidas: um mestre de obras e duas mulheres ligadas a uma imobiliária e a uma construtora na Maré. A polícia busca identificar os responsáveis pelo esquema, que pode ser parte de uma operação maior de lavagem de dinheiro. Ainda não foram expedidos mandados de prisão.
O traficante Jorge Luís Moura Barbosa, conhecido como Alvarenga, está sob investigação por seu possível envolvimento no financiamento do Novo Horizonte. Acusado de comandar o tráfico de drogas na região, Alvarenga tem nove mandados de prisão expedidos e continua foragido.
Detalhes do empreendimento
O terreno onde o condomínio está localizado possui cerca de 3.314 m² e é adjacente a uma quadra de futebol da comunidade. As construções seguem um padrão de cinco andares, com os primeiros andares destinados ao comércio e os superiores à moradia.
Embora muitas unidades ainda estejam em construção, vídeos e fotos indicam que alguns apartamentos já estavam ocupados, pintados de amarelo, com janelas de vidro temperado e acessos pelas lojas no térreo. O espaço comunitário era usado para shows e eventos de confraternização dos moradores.
O pagamento dos aluguéis e compras dos imóveis era feito em dinheiro, complicando o rastreamento financeiro. Na operação, a polícia apreendeu documentos e recibos de pagamento. Nove pessoas ligadas ao esquema imobiliário do tráfico foram identificadas e estão sob investigação, com seus nomes mantidos em sigilo
Envolvimento da associação de moradores
Há também suspeitas sobre a participação da Associação de Moradores do Parque União na construção do condomínio, possivelmente atuando como laranja para o tráfico.
No local, os agentes encontraram um cartaz da associação orientando os moradores sobre o descarte de lixo, o que levanta questionamentos sobre a extensão do envolvimento da organização comunitária no esquema.
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