“É hora de os eleitores darem o troco”
Kate Andrews, jornalista americana, analisa como líderes mundiais estão sendo cobrados nas urnas por suas promessas quebradas e políticas econômicas falhas
A jornalista americana Kate Andrews publicou nesta quarta, 3, no The Spectator um artigo intitulado “É hora de os eleitores darem o troco”, em tradução livre. No texto, Andrews comenta como líderes mundiais estão enfrentando um “acerto de contas” nas urnas devido às suas promessas não cumpridas e políticas econômicas que resultaram em inflação alta e descontentamento popular.
A autora inicia apontando que não é apenas o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak que está enfrentando dificuldades eleitorais. Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, enfrenta uma possível derrota após um desempenho desastroso em um debate. “Quase todas as pesquisas de opinião dizem que ele está perdendo para Donald Trump”, destaca Andrews.
Emmanuel Macron, presidente da França, também está em apuros depois de arriscar uma eleição antecipada. “Os eleitores aceitaram a aposta e estão fazendo o presidente francês pagar”, observa Andrews, mencionando a possibilidade de Jordan Bardella, de 28 anos, tornar-se o próximo primeiro-ministro francês. Justin Trudeau, no Canadá, parece igualmente condenado como primeiro-ministro.
Kate Andrews relembra que durante a pandemia, as taxas de aprovação dos governos dispararam. “Quando Jacinda Ardern venceu por uma margem esmagadora em outubro de 2020, as fronteiras da Nova Zelândia permaneciam fechadas para os estrangeiros”, exemplifica a autora, enfatizando o apoio governamental que manteve negócios e cidadãos sustentados durante a crise. No entanto, quando a conta chegou, o preço – inflação – foi alto demais.
“A mania por Jacinda evaporou”, afirma Andrews, detalhando como a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia e seu partido despencaram nas pesquisas e enfrentaram uma derrota dura. Da mesma forma, Justin Trudeau foi reeleito em 2021, mas agora vê os conservadores canadenses a caminho de derrotá-lo.
No Reino Unido, os conservadores experimentaram um raro momento de aprovação positiva no início da pandemia, mas essa maré virou drasticamente. “Entrando nesta eleição, o apoio ao partido afundou para o nível mais baixo em 45 anos”, escreve a jornalista.
Segundo Kate Andrews, o que realmente importa para os eleitores são as promessas quebradas e a ilusão de segurança oferecida pelos governos durante a pandemia. “Para milhões de eleitores ao redor do mundo, o dia da votação se tornou o dia da vingança”, declara.
A inflação, descrita por Andrews como “o imposto mais destrutivo”, atingiu níveis recordes em vários países. “Na França, a inflação atingiu o pico de 6,3%; nos Estados Unidos, 9,1%; e no Reino Unido, um espantoso 11,1%.” Apesar das taxas de inflação terem retornado a níveis normais, os preços permanecem altos e os eleitores não esquecem ou perdoam rapidamente.
Kate Andrews explica que os eleitores se sentem marginalizados, pois a inflação nunca foi mencionada pelos líderes como uma possível consequência das políticas de combate à Covid-19. “Rishi Sunak sabia que a inflação poderia destruir a recuperação”, diz Andrews, mas ele teve que trabalhar discretamente, já que discutir as consequências dos gastos governamentais maciços era visto como derrotismo sob o governo de Boris Johnson.
Governos que antes tinham poder absoluto, como durante a pandemia, agora estão enfraquecidos. “Os ministros podiam dizer ao público para ficar em casa durante a pandemia, mas não podem forçá-los a acreditar que estão melhores agora”, ressalta a jornalista, acrescentando que líderes como Joe Biden, que presidiram um crescimento econômico significativo, ainda enfrentam descontentamento.
Sobre a questão da imigração, Andrews aponta que as promessas dos líderes têm sido irrealistas. “Todo manifesto Tory desde 2010 prometeu uma redução na migração”, menciona, mas a realidade tem sido diferente, com aumentos significativos no número de imigrantes.
Quem é Kate Andrews
Kate Andrews é uma jornalista americana especializada em economia e política. Ela é editora de economia no The Spectator. Kate tem se destacado por suas análises críticas sobre políticas econômicas e suas consequências sociais. Além de seu trabalho no The Spectator, Kate também é frequentemente convidada em programas de televisão e rádio para comentar assuntos econômicos.
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