“Não é tarde demais para Joe Biden ir embora”
O jornalista britânico Edward Luce publicou artigo no Financial Times que pede abertamente a troca do candidato democrata
O jornalista britânico Edward Luce publicou artigo intitulado “Não é tarde demais para Joe Biden ir embora” no Financial Times nesta sexta, 28. Luce analisa a desastrosa performance de Biden no debate recente e a crescente preocupação entre os democratas sobre sua capacidade de vencer Donald Trump em novembro.
Segundo Luce, “a melhor coisa que se pode dizer sobre o desempenho vacilante de Biden no debate é que aconteceu em junho.” Com dois meses até a convenção do partido, ainda há tempo para considerar um substituto. Os democratas leais a Biden, que rapidamente silenciavam qualquer dissidência, agora enfrentam uma verdade inescapável: “a dissonância cognitiva sobre a idade de Biden colapsou.”
Luce destaca que a decisão de continuar ou sair é inteiramente de Biden. Ele venceu a nomeação democrata e pode ignorar os apelos para se afastar. Possíveis candidatos alternativos, como Gavin Newsom, governador da Califórnia, e Gretchen Whitmer, governadora de Michigan, provavelmente não se manifestarão para evitar o risco de serem rotulados de traidores.
Para aqueles que conhecem Biden, é sua família, especialmente a primeira-dama Jill Biden, quem poderia influenciá-lo. “Biden é um homem teimoso. A maioria dos presidentes é,” escreve Luce. Até recentemente, Biden acreditava ser o único democrata capaz de derrotar Trump, mas agora sua derrota parece mais provável. A performance de Biden no debate fez com que as previsões eleitorais mudassem rapidamente, com Trump sendo favorecido para vencer.
Os democratas enfrentam dois riscos principais. Primeiro, que Biden se recuse a sair, consumindo tempo precioso para eleger um substituto. “O pior que ele poderia fazer é se apegar por mais algumas semanas e depois sair,” adverte Luce. Segundo, que Biden decida sair a tempo, mas o partido caia em guerra civil devido à impopularidade da vice-presidente Kamala Harris.
A relutância de Biden em considerar a saída também está ligada à impopularidade de Harris. “Como a primeira vice-presidente mulher e não branca, seria complicado para Biden endossar qualquer outra pessoa.” Se ele não nomear Harris como sua sucessora, o partido pode rachar ideologicamente. Uma batalha amarga pela nomeação poderia culminar em uma convenção dividida em Chicago, lembrando a tumultuada convenção democrata de 1968.
Apesar dos riscos, as vantagens de considerar um novo candidato se tornaram mais claras. “Muitas democracias podem realizar uma eleição geral e mudar seu governo no tempo entre agora e a convenção de Chicago,” observa Luce. A idade avançada dos candidatos e a natureza sem precedentes da corrida presidencial de 2024 são argumentos para um processo democrático mais vigoroso e visível.
Bill Clinton disse uma vez que os americanos preferem “forte e errado” a “fraco e certo”. Na quinta-feira, essas duas opções estavam no palco do debate. Todos os democratas, incluindo Biden, repetem incansavelmente que a democracia está em jogo em novembro. A questão agora é se eles têm a determinação de agir conforme suas crenças.
Quem é Edward Luce
Edward Luce é um jornalista britânico, chefe da sucursal em Washington e colunista-chefe de política americana do Financial Times. Luce é autor de vários livros, incluindo “The Retreat of Western Liberalism”. Sua experiência inclui cobertura de economia e política global, com ênfase nas dinâmicas políticas dos Estados Unidos.
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