Ala da bancada ruralista tenta emplacar nome próprio em secretaria da Agricultura
Movimentação da Secretaria de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura não é endossado por presidente da FPA
Uma ala da bancada do agronegócio avalia cortar relações com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, caso a indicação do nome do PSD à Secretaria de Políticas Agrícolas, Guilherme Campos, seja efetivada.
Nesta segunda-feira, 24, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, confirmou a indicação por parte do partido de Gilberto Kassab. O fato revoltou esses membros da bancada ruralista, que já eram poucos simpáticos a Fávaro.
Essa ala da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) trabalha para emplacar um nome próprio no cargo, após a saída de Neri Geller. Geller caiu após o malfadado leilão de 230 mil toneladas arroz pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Esse nome é o do assessor especial do Ministério da Agricultura Carlos Ernesto Augustin, conhecido informalmente como “Teti”.
Esses deputados argumentam que, apesar de próximo a Lula, Teti tem histórico de proximidade e boa convivência com os setores do agronegócio e parlamentares ruralistas, o que poderia facilitar a interlocução com o governo.
O presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, Pedro Lupion (MDB-PR), entretanto, não fez qualquer indicação ao cargo em nome do grupo ou conversou com Fávaro sobre esse assunto.
Como mostramos, o então secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura foi exonerado em 12 de junho, conforme publicação no Diário Oficial da União.
A decisão já havia sido anunciada por Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, um dia antes, após indícios de irregularidades no leilão de arroz, que foi anulado pelo governo. No entanto, Geller negou ter pedido demissão do cargo, contradizendo o pronunciamento do ministro.
O polêmico leilão do arroz
Duas empresas criadas por um ex-assessor de Geller, a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e a Foco Corretora de Grãos, intermediaram a venda do arroz da Conab durante o leilão. Essa revelação gerou suspeitas, uma vez que as empresas receberiam comissões pela transação. Ambas foram criadas em 2023 pelo ex-assessor em questão.
Ao anunciar o cancelamento do leilão, Fávaro afirmou que Geller teria colocado seu cargo à disposição diante do mal-estar causado pela descoberta das empresas intermediárias. No entanto, a exoneração publicada no no Diário Oficial da União (DOU) descreve que o secretário foi demitido, contradizendo a fala do ministro.
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