Após acordo Rússia-Coreia do Norte, Seul cogita ajudar Ucrânia
O acordo entre Rússia e Coreia do Norte foi criticado pelo presidente sul-coreano que alertou sobre suas potenciais consequências negativas
O governo da Coreia do Sul considera enviar armas para a Ucrânia após a assinatura de um acordo de segurança entre a Rússia e a Coreia do Norte.
O presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, criticou a aliança entre os países ditatoriais e alertou sobre suas potenciais consequências negativas para as relações entre Seul e Moscou.
O acordo entre a Rússia e a Coreia do Norte representa uma mudança significativa na política do leste asiático, estabelecendo uma garantia de defesa mútua em caso de guerra. O gabinete de Yoon criticou o pacto, destacando o histórico das duas nações em lançar guerras de invasão e considerando a promessa de cooperação militar mútua como absurda.
Segundo reportagem do Estadão, especialistas dizem que este é o movimento mais relevante de aproximação entre os dois países desde o fim da Guerra Fria, reabrindo o debate na Coreia do Sul sobre o envio de armas à Ucrânia. Seul, embora um grande exportador de armas com um Exército bem equipado e apoio dos EUA, manteve uma política de não fornecer armas a países em conflitos ativos, limitando seu apoio à Ucrânia ao fornecimento de ajuda humanitária e adesão a sanções econômicas contra a Rússia.
Reações Internacionais e Análise
Jenny Town, do Stimson Center, a posição da Coreia do Sul já havia prejudicado as relações com a Rússia, mas o novo pacto pode exacerbar essas tensões. A possibilidade de Seul cortar laços diplomáticos com Moscou ou tomar medidas drásticas, como expulsar o embaixador russo, está sendo considerada seriamente.
O acordo entre os países abrange comércio, investimento, e laços culturais e humanitários, além da segurança. A Agência Central de Notícias Coreana (KCNA) informou que, em caso de invasão, ambos os países mobilizarão “todos os meios à sua disposição” para fornecer assistência militar e outras formas de apoio, em conformidade com suas leis nacionais e o artigo 51 da Carta das Nações Unidas, que reconhece o direito à autodefesa.
O ditador Vladimir Putin classificou o acordo como “revolucionário”, destacando a possibilidade de cooperação técnico-militar com a Coreia do Norte, e Kim Jong-un prometeu total apoio à invasão da Rússia na Ucrânia.
O tratado de 1961 entre a Coreia do Norte e a União Soviética exigia intervenção militar mútua, mas foi substituído em 2000 por um acordo com garantias de segurança mais fracas. Analistas divergem sobre a robustez do novo pacto, alguns vendo-o como uma restauração da aliança da era da Guerra Fria, enquanto outros o consideram mais simbólico.
Guerra psicológica
Nos últimos meses, o ditador Kim Jong-un priorizou relações com a Rússia, promovendo uma política externa que se opõe a Washington.
As tensões na Península Coreana estão no auge, com um aumento nos testes de armas da Coreia do Norte e nos exercícios militares conjuntos entre os EUA, Coreia do Sul e Japão. Essa escalada levou a uma guerra psicológica, com a Coreia do Norte lançando lixo ao sul e a Coreia do Sul transmitindo propaganda anti-Norte-Coreana.
O pacto de segurança entre a Rússia e a Coreia do Norte tem o potencial de redesenhar as alianças e tensões no leste asiático, influenciando a política internacional e o equilíbrio de poder na região.
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