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O problema de chamar todos de “extrema-direita”

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Alexandre Borges
3 minutos de leitura 13.06.2024 10:30 comentários
Cultura

O problema de chamar todos de “extrema-direita”

Douglas Murray, jornalista britânico, argumenta sobre os impactos negativos de rotular amplamente movimentos políticos como 'extrema direita'

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Alexandre Borges
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O problema de chamar todos de “extrema-direita”
Giorgia Meloni

O jornalista britânico Douglas Murray publicou um artigo intitulado “O problema de chamar todos de ‘extrema direita’ “, no The Spectator, nesta quarta, 12.

Murray começa seu texto relembrando uma história do editor do The Sun, Kelvin MacKenzie, para ilustrar como algumas previsões podem ser óbvias. Ele comenta que não é necessário ser vidente para prever os resultados das eleições da UE na semana passada, nem a reação da mídia britânica: “Como eu profetizei estranhamente na coluna da semana passada, a editora europeia da BBC, Katya Adler, seguiu com: ‘A extrema direita está em marcha.'”

Murray questiona se a editora da BBC visita frequentemente a Europa, pois ele mesmo passou por cinco países europeus na semana anterior às eleições e não ouviu “o som de botas de marcha em nenhum lugar”.

Ele sugere que, se houvesse sinais de autoritarismo, eles seriam mais audíveis em Paris, onde o presidente Emmanuel Macron enfrenta desafios logísticos e de segurança ao tentar sediar as Olimpíadas no centro da cidade.

“O sucesso do Rassemblement National nas eleições da UE não foi atribuído às falhas do presidente Macron”, escreve Murray, apontando que a destruição dos partidos de centro-direita e centro-esquerda na França reflete um fenômeno mais amplo. “Os partidos centristas de governo prometeram reduzir a imigração, mas ignoraram uma explosão massiva de migração legal e ilegal”, observa ele, indicando que os eleitores buscam alternativas que ouçam suas preocupações.

Murray critica o uso generalizado do termo ‘extrema direita’, que tem sido aplicado a uma variedade de partidos europeus, como o de Giorgia Meloni na Itália e o Rassemblement National na França, e alerta que isso dilui seu significado: “O efeito, é claro, é uma perda de significado.”

Ele destaca que, embora alguns partidos realmente apresentem preocupações sérias para a democracia, o rótulo indiscriminado impede uma análise cuidadosa: “Uma das frustrações com o tema da ‘extrema direita em marcha’ é que existem partidos sobre os quais há sérias questões.” Murray ressalta a importância de distinguir entre movimentos perigosos e partidos legítimos, argumentando que a Europa precisa decidir com cuidado quais partes de seu terreno político ainda são ‘venenosas’.

O artigo conclui com uma observação sobre os protestos da esquerda em Paris, que não receberam a mesma cobertura midiática: “Milhares de esquerdistas protestaram e se revoltaram em Paris em resposta aos resultados das eleições para o Parlamento Europeu. Mas você não precisa ser místico para prever que isso não é uma manchete que apareceu em nenhum jornal.”

No Brasil, o mesmo fenômeno se repete, não só com o uso impreciso e errado do termo, mas com o espaço desproporcional e injustificável dado a qualquer um, por menos qualificado ou intelectualmente honesto que seja, que se diga “especialista em extremismo”.

Como disse Confúcio, a sabedoria começa quando se dá o nome correto às coisas.

Quem é Douglas Murray

Douglas Murray é um jornalista britânico, autor e colunista reconhecido por suas análises políticas. Ele é um dos principais colunistas do The Spectator, onde frequentemente escreve sobre questões de política europeia e migração.

Ele é autor de vários livros, incluindo “The Strange Death of Europe”, que explora as mudanças culturais e políticas no continente. Ele é conhecido por suas opiniões contundentes e análises detalhadas sobre questões contemporâneas.

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