Novos remédios para emagrecer impactam indústria alimentícia
A ascensão dos novos medicamentos para combater a obesidade, como Ozempic, está forçando mudanças significativas nas prateleiras dos supermercados
A ascensão dos novos medicamentos para combater a obesidade, como Ozempic, está forçando mudanças significativas nas prateleiras dos supermercados. Empresas de alimentos estão reformulando produtos para se adequar às novas preferências de consumidores que fazem uso desses remédios.
Estes medicamentos ajudam pacientes a perder peso ao retardar o esvaziamento do estômago, prolongando a sensação de saciedade. Isso, no entanto, pode dificultar a ingestão de nutrientes essenciais, de acordo com especialistas.
Usuários desses medicamentos têm relatado mudanças significativas no paladar, com uma menor atração por alimentos gordurosos e açucarados. Um relatório da Morgan Stanley projetou uma redução de até 3% no consumo de lanches doces e salgados até 2035, o que tem gerado preocupações na indústria de alimentos.
Empresas como Nestlé e General Mills estão se adaptando. A Nestlé lançou uma nova linha de alimentos congelados com porções menores e mais proteína, visando combater a perda de massa muscular associada aos medicamentos. Robert Moskow, analista da TD Cowen, considera essa medida uma “reação lógica” ao aumento do uso desses medicamentos, prevendo que concorrentes seguirão o exemplo.
A General Mills já está vendendo uma versão de alta proteína do Annie’s Mac and Cheese e misturas para bolos Betty Crocker com menos açúcar e sódio. A Conagra, dona de marcas como Healthy Choice e Slim Jim, está criando alimentos congelados com porções menores e vê potencial de crescimento para seus lanches ricos em proteína e fibras.
Grace Derocha, nutricionista americana, explicou ao portal Axios que os novos produtos parecem responder às necessidades dos usuários destes medicamentos. “Se você não está com tanta fome, quer algo mais denso em nutrientes,” afirmou.
Esses produtos também podem ser úteis para pacientes que param de usar estes remédios após um ano e lutam para manter o novo peso. Além disso, podem atrair consumidores que não usam esses medicamentos, mas que desejam reduzir calorias e açúcar ou aumentar o consumo de proteínas.
Hank Cardello, ex-executivo da indústria alimentícia e especialista em saúde do consumidor na Universidade de Georgetown, destacou que a mudança nos tamanhos de porções pode ser benéfica para a dieta do consumidor médio. Empresas estão promovendo uma variedade maior de produtos em formatos “mini” ou “bites”.
As mudanças nas prateleiras dos supermercados impulsionadas pelos medicamentos para perda de peso representam uma transformação significativa na indústria alimentícia. A adaptação das empresas a essas novas necessidades dos consumidores pode não apenas atender aos usuários do Ozempic, mas também influenciar a dieta de uma parcela maior da população.
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