Em um feito sem precedentes, um homem de 71 anos tornou-se o pioneiro ao receber um fígado de porco geneticamente modificado. O procedimento inovador, conduzido no First Affiliated Hospital da Anhui Medical University na China, marca um momento histórico na medicina transplantológica, mostrando promessa na resolução da escassez de órgãos humanos doados.

O líder da cirurgia, Sun Beicheng, compartilhou com a revista Nature que o paciente “está muito bem” após o procedimento. A afirmação aponta para a viabilidade de utilizar órgãos de porcos em futuros tratamentos médicos para humanos, crescendo assim, as esperanças para milhares de pacientes em lista de espera para transplantes.

Por que Utilizar Órgãos de Porco em Humanos?

Os xenotransplantes, ou transplantes interespécies, ganharam atenção na comunidade médica internacional devido à sua capacidade de potencialmente resolver o problema da falta de órgãos humanos disponíveis. A escolha dos porcos não é aleatória: eles possuem órgãos de tamanho similar aos dos humanos e são mais facilmente adaptáveis após as necessárias modificações genéticas.

Passos do Procedimento Transplantatório Inovador

O paciente submetido ao transplante se encontrava em uma situação crítica, com um tumor no lobo direito do fígado e condições médicas que o impediam de receber um transplante humano tradicional. Diante deste cenário, a equipe médica, após receber consentimento familiar e aprovação ética, procedeu com o xenotransplante.

• • O lobo direito do fígado foi removido em uma operação que durou oito horas.

• • O substituto escolhido foi o fígado de um porco de 11 meses, que passou por dez modificações genéticas para reduzir riscos de rejeição.

• • Os modificadores genéticos eliminaram três genes responsáveis por açúcares que poderiam ser atacados pelo sistema imunológico humano, além de introduzirem sete genes para produção de proteínas humanas.

Resultados e Futuro do Transplante de Fígado de Porco

Após a cirurgia, o fígado transplantado começou imediatamente a funcionar, secretando bile e mostrando sinais promissores de plena adaptação. Nas palavras de Beicheng, os primeiros dias após o procedimento foram bem-sucedidos, sem sinais de rejeição, destacando um progresso encorajador na produção de bile.

O especialista Jay Fishman, do Massachusetts General Hospital, comenta que esses indicativos são extremamente positivos para uma operação tão inovadora, mostrando que o lobo do fígado humano resta a possibilidade de crescer e assumir a função hepática completa com a ajuda do lobo suíno.

A continuidade do uso de fígados de porco representa um grande salto em possibilidades para pacientes que antes tinham pouca esperança, abrindo novos horizontes no campo dos transplantes e oferecendo um novo fôlego a milhares que aguardam por um órgão.