Mais de 90% das cidades despreparadas para tragédias climáticas
De acordo com o estudo, 94% das cidades do país possuem menos da metade das 25 estratégias necessárias para lidar com esses eventos
Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) revelou que a maioria dos municípios brasileiros não está suficientemente preparada para enfrentar tragédias climáticas, como enchentes, inundações e deslizamentos de encostas.
De acordo com o estudo, 94% das cidades do país possuem menos da metade das 25 estratégias necessárias para lidar com esses eventos.
O levantamento analisou diversas medidas preventivas, como a existência de ações no Plano Diretor e na Lei de Uso e Ocupação do Solo, a presença de uma legislação específica para enfrentamento das tragédias climáticas, a elaboração de um plano municipal de redução de riscos, a identificação de áreas vulneráveis, a implementação de um programa habitacional para realocação da população em locais de risco e a criação de um plano de contingência.
Os dados utilizados na pesquisa foram coletados na Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) de 2020, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Através de um questionário respondido pelos municípios, foi possível verificar a existência ou não de cada uma das 25 estratégias.
Cidades classificadas por cores
Com base nessas informações, o ICS elaborou um mapa que destaca as cidades em diferentes cores. As cidades que possuem menos de 20% das estratégias foram marcadas em vermelho, enquanto aquelas que possuem entre 20% e 49% foram marcadas em laranja. Já as cidades que possuem entre 50% e 79% das estratégias foram marcadas em amarelo, e as que possuem mais de 80% foram marcadas em verde.
A pesquisa revelou uma situação preocupante no estado do Rio Grande do Sul, que tem sido afetado por um grande volume de chuvas nos últimos meses. Das 497 cidades gaúchas, 304 possuem menos de 20% das estratégias necessárias para prevenir tragédias climáticas. No entanto, a capital do estado, Porto Alegre, apresenta um cenário um pouco melhor, com 44% das estratégias mapeadas. Apenas uma cidade gaúcha, Itatiba do Sul, possui mais de 80% das estratégias.
Além disso, o ICS também realizou uma pesquisa em parceria com o instituto Ipec para avaliar a percepção dos brasileiros sobre os principais problemas ambientais em suas cidades e as ações que podem ser adotadas pelo poder público municipal para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Foram entrevistadas 2 mil pessoas com 16 anos ou mais em 130 municípios.
Maioria da população acredita nas gestões municipais
Segundo os resultados da pesquisa, 79% dos entrevistados acreditam que as prefeituras têm condições de contribuir no combate às mudanças climáticas. A principal medida apontada por 41% das pessoas é o aumento e a conservação das áreas verdes. Em segundo lugar, com 36%, está o controle do desmatamento e da ocupação nas áreas de manancial. A redução na utilização de combustíveis fósseis foi mencionada por 26%.
Quando questionados sobre os maiores problemas de suas cidades, 30% dos entrevistados citaram o calor e o aumento da temperatura, seguidos de 29% que mencionaram a poluição do ar, 25% que citaram a poluição dos rios e dos mares, e 24% que apontaram as enchentes ou alagamentos. Nas capitais, as enchentes e a poluição do ar foram os problemas mais citados, ambos com 37% das menções. Já nas periferias metropolitanas, as enchentes também foram apontadas como o problema mais frequente por 37% dos entrevistados.
Os resultados da pesquisa também foram analisados por região. No Sul e Sudeste, a poluição do ar foi o problema mais citado. Já no Nordeste, Norte e Centro-Oeste do país, houve mais menções ao calor e ao aumento da temperatura. Além disso, nessas regiões, questões como o sistema de coleta e tratamento de esgoto, o desmatamento e a falta de coleta de lixo apareceram acima da média nacional.
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