Boulos dá sobrevida para Janones no Conselho de Ética
A pedido do deputado do PSOL, Conselho de Ética adiou votação do pedido de cassação de André Janones pela segunda vez
Após pedido do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), o Conselho de Ética da Câmara adiou, pela segunda vez, a votação do pedido de cassação do deputado André Janones (Avante-MG). O deputado mineiro é acusado de ter promovido um esquema de rachadinha em seu gabinete.
Boulos, no entanto, apresentou parecer defendendo o arquivamento do pedido de cassação do mandato de Janones apresentado pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Durante a sessão na manhã desta terça-feira, 28, o presidente do Conselho de Ética, Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA), explicou que Boulos telefonou a ele dizendo que somente chegaria na capital federal no final da tarde.
Com isso, a votação do parecer precisou ser adiada. A expectativa agora é de que o caso só seja analisado na semana que vem. Ao apresentar parecer pelo arquivamento, Boulos usou o argumento de que Janones não era parlamentar na época em que foi gravado falando em pedir de volta parte do salário de auxiliares.
Gravação
“É preciso trazer à baila que a representação do PL traz fatos ocorridos antes do início do mandato de deputado federal do representado”, disse Boulos, destacando que o próprio Janones afirmou isso.
Em 2019, o primeiro mandato de deputado do acusado estava começando. Na gravação, Janones afirma que o dinheiro arrecadado seria utilizado para financiar a campanha de seu grupo político em 2020.
O deputado Cabo Gilberto (PL-PB) já protocolou voto divergente defendendo a manutenção do processo de cassação contra Janones.
A rachadinha de Janones
André Janones sugeriu, em 2019, a criação de uma “vaquinha” mensal entre os servidores de seu gabinete na Câmara dos Deputados em áudio que veio a público no final de novembro de 2023.
Na gravação, o parlamentar afirmou que o dinheiro arrecadado seria utilizado para financiar a campanha de seu grupo político em 2020.
“Como nós não vamos ser corruptos, não vamos aceitar cargos […] Como a gente não vai ceder a essas coisas e a gente precisa de dinheiro pra fazer campanha, qual é a minha sugestão?
E aí nós vamos dividir o valor entre nós, inclusive eu. Isso é, todos. E isso é legal. Às vezes, você confunde isso com devolver salário. Devolver salário é você ficar lá na sua casa dormindo, me dá seu cartão, todo mês eu vou lá e saco e deixo só um salário pra você. Isso é devolver salário.
2020 [ano eleitoral] tá aí. Eu pensei de a gente fazer uma vaquinha entre nós, e aí nós vamos decidir se vai ser 50 reais, se vai ser 100, 200, se cada um dá proporcional ao salário. Isso a gente vai decidir entre nós. E a gente começar uma vaquinha já no primeiro mês de salário pra gente poder disputar as eleições de 2020 com o básico pelo menos”, disse Janones.
No áudio, gravado na mesma reunião em que o deputado defendeu o pagamento de despesas de campanha com rachadinha, um dos assessores afirmou que esta seria “a única saída para Janones disputar a eleição sem ceder ao sistema”, referindo-se ao recebimento de doações de empresas e ao desvio de verbas públicas.
Embora estivesse planejando as despesas para as eleições municipais de 2020, Janones não foi candidato. Contudo, o deputado elegeu sua ex-assessora Leandra Guedes como prefeita de Ituiutaba, cidade em que foi derrotado em 2016.
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