O Reino Unido terá eleições gerais no próximo dia 4 de julho, a primeira em cinco anos. O Partido Conservador está no poder desde 2010.

Os conservadores, liderados pelo primeiro-ministro Rishi Sunak, enfrentam uma série de desafios. Eles assumiram o governo ainda sob influência da crise financeira global de 2008 e venceram as duas eleições subsequentes.

O partido trabalhista, liderado por Keir Starmer, enfrenta obstáculos, incluindo a necessidade de superar a reputação de gastos irresponsáveis e provar que possui um plano sólido de governo, além das posições dúbias em relação a Israel.

A economia britânica entrou em recessão no segundo semestre de 2023. Dados oficiais indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido contraiu 0,3% nos últimos três meses do ano, após uma queda de 0,1% no trimestre anterior. Economistas consultados pela Reuters esperavam uma retração menor, de 0,1%, no período de outubro a dezembro.

O ministro das Finanças, Jeremy Hunt, apontou sinais de melhora na economia britânica e defendeu a continuidade do plano de redução de impostos sobre o trabalho e as empresas para construir uma economia mais robusta.

Segundo o Escritório de Estatísticas Nacionais, a economia do Reino Unido cresceu 0,1% em 2023 em relação ao ano anterior. O Banco da Inglaterra projeta um crescimento modesto de 0,25% para 2024. A economia britânica tem enfrentado estagnação nos últimos dois anos, com recessões menos frequentes à medida que se torna mais madura.

A pandemia de Covid-19 causou a maior contração já registrada, com uma recessão profunda no início de 2020. Antes disso, a crise financeira global de 2008-2009 resultou em uma grave recessão que durou pouco mais de um ano.

Ambos os partidos estão sendo afetados pelo conflito no Oriente Médio, com os conservadores enfrentando acusações de islamofobia e os trabalhistas lutando para se distanciar do antissemitismo que marcou a liderança anterior de Jeremy Corbyn.

Rishi Sunak marcou a eleição para 4 de julho, antecipando em vários meses a data que poderia ocorrer até 28 de janeiro de 2025. A decisão foi estratégica, aproveitando uma melhora recente nos indicadores econômicos, como a redução da inflação para 2,3%.

Funcionamento da Votação

Os eleitores no Reino Unido participarão de uma votação para escolher 650 membros da Câmara dos Comuns, a câmara baixa do Parlamento britânico. Esses parlamentares são eleitos para um mandato de até cinco anos, e o processo eleitoral é realizado através de um sistema de votação conhecido como “First Past the Post”, ou voto distrital.

Neste sistema, o país é dividido em 650 distritos eleitorais, também chamados de circunscrições. Cada circunscrição elege um membro do Parlamento (MP) para representá-la. Os eleitores votam em um candidato específico em sua circunscrição, e o candidato que receber o maior número de votos é eleito MP para aquela área.

Após a eleição, o partido que obtiver a maioria dos assentos na Câmara dos Comuns, ou seja, pelo menos 326 assentos, é convidado a formar o governo. O líder desse partido se torna o primeiro-ministro. Caso nenhum partido obtenha a maioria absoluta, pode-se formar um governo de coalizão, onde dois ou mais partidos se unem para alcançar a maioria necessária. Alternativamente, um governo minoritário pode ser formado, dependendo das negociações e acordos entre os partidos.

O primeiro-ministro é o chefe do governo e é responsável por liderar o executivo, implementando políticas e governando o país. Ele escolhe os membros do gabinete, que são geralmente MPs do partido majoritário, para liderar os diferentes departamentos governamentais. O primeiro-ministro também representa o país em assuntos internacionais e trabalha para promover a agenda legislativa de seu partido no Parlamento.

Importância das Eleições

Essas eleições são fundamentais, pois determinam a composição do Parlamento e, consequentemente, a direção política e as políticas públicas do Reino Unido para os próximos cinco anos. As eleições oferecem aos cidadãos a oportunidade de influenciar diretamente quem os representará e como o país será governado, refletindo suas prioridades e preocupações.

Com a dissolução do Parlamento e a antecipação das eleições para 4 de julho, os eleitores britânicos têm a chance de decidir sobre a liderança e o futuro político do país em um momento de significativas incertezas econômicas e sociais.

Principais Candidatos

Rishi Sunak, no cargo desde outubro de 2022, lidera os conservadores. Keir Starmer, líder do partido trabalhista desde abril de 2020, é seu principal oponente. Outros partidos, como o partido nacional escocês, os liberais-democratas e o partido unionista democrático, podem desempenhar papéis importantes se nenhum partido obtiver a maioria absoluta.

Principais temas da eleição

Economia: O Reino Unido enfrenta inflação e crescimento econômico lento. A economia entrou em recessão técnica nos últimos seis meses de 2023. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisa Econômica e Social, a economia deve crescer apenas 0,6% em 2024.

Imigração: O fluxo de “imigrantes econômicos” aumentou, gerando preocupações sobre o controle das fronteiras. Os conservadores propõem deportar alguns migrantes para Ruanda, política criticada por alegadamente violar leis internacionais.

Saúde: O Serviço Nacional de Saúde (NHS) enfrenta longas listas de espera. Pesquisa da Associação Médica Britânica indica que 78% dos médicos acreditam que as condições de trabalho no NHS pioraram nos últimos cinco anos.

Meio Ambiente: Sunak adiou o fim das vendas de veículos a gasolina e diesel e autorizou novas perfurações de petróleo no Mar do Norte. O Comitê de Mudança Climática alerta que essas decisões podem comprometer as metas de carbono zero até 2050.

As eleições de 4 de julho prometem definir o futuro político do Reino Unido e influenciar suas políticas internas e externas.