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“Os islâmicos estão decidindo as eleições”

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Alexandre Borges
4 minutos de leitura 22.05.2024 07:47 comentários
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“Os islâmicos estão decidindo as eleições”

Ayaan Hirsi Ali explica como os votos de muçulmanos frustraram os trabalhistas nas eleições locais no Reino Unido e podem ameaçar Biden nas eleições de 2024

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“Os islâmicos estão decidindo as eleições”
Foto: Divulgação

Ayaan Hirsi Ali, acadêmica somali naturalizada americana e ativista dos direitos humanos, publicou um artigo, nesta quarta, 22, sobre Gaza e eleições. No texto, ela analisa os impactos políticos do conflito em Gaza nas eleições recentes no Reino Unido e nos EUA. A autora destaca como os trabalhistas britânicos perderam votos de eleitores muçulmanos devido à sua postura em relação ao conflito Israel-Hamas, o que serve de alerta para Joe Biden nas eleições de 2024.

Hirsi Ali destaca que, nas eleições locais do Reino Unido em 2 de maio, os trabalhistas sofreram perdas significativas em áreas com grandes populações muçulmanas, com uma queda de 17,9% dos votos em regiões onde mais de um quinto dos eleitores se identifica como muçulmano. Em áreas de maioria muçulmana, a perda foi ainda maior, com uma redução de 33% na votação.

“Em bairros com mais de 70% de muçulmanos, os trabalhistas perderam impressionantes 39 pontos percentuais”, escreve ela. A queda no apoio muçulmano é uma resposta direta à forma como o líder trabalhista, Sir Keir Starmer, lidou com a guerra em Gaza.

A observação de Hirsi Ali sobre Starmer vem do fato de ele não ter pedido um cessar-fogo ou embargo de armas mais cedo. Uma pesquisa da YouGov publicada em 1º de março mostrou que apenas 14% dos britânicos acreditam que Starmer lidou bem com a resposta dos trabalhistas ao conflito, comparado a 52% que acreditam que ele lidou mal – esse número sobe para 67% entre aqueles que simpatizam com os palestinos.

“Embora você não precise ser muçulmano para se interessar pela guerra em Gaza, as pesquisas mostram que um em cada quatro muçulmanos britânicos cita a Palestina como o tema eleitoral mais importante”, observa Hirsi Ali.

Ela também menciona que Sadiq Khan, prefeito de Londres, conseguiu reeleger-se com uma margem confortável, talvez por ter sido um dos primeiros a chamar por um cessar-fogo em Gaza. No entanto, em outros lugares, votos muçulmanos foram para candidatos independentes com plataformas focadas no Oriente Médio. Por exemplo, na cidade de Oldham, os trabalhistas perderam o controle do conselho devido à eleição de sete novos independentes que enfatizaram a questão palestina.

Hirsi Ali relata que o recém-estabelecido Partido dos Trabalhadores Islâmicos da Grã-Bretanha, liderado por George Galloway, também fez avanços significativos. “Eles ganharam duas cadeiras no conselho local e outra em Calderdale, Yorkshire, o que resultou na derrubada do vice-líder do Conselho de Manchester”, ela comenta.

A autora também discute como as críticas de Biden em relação ao conflito em Gaza podem influenciar as eleições presidenciais de 2024, especialmente em estados-pêndulo como Michigan, Geórgia e Arizona. Ela menciona o movimento #AbandonBiden, iniciado por líderes muçulmanos dos EUA em dezembro de 2023, que expressaram sua frustração com a resposta do presidente ao conflito Israel-Hamas.

Hirsi Ali conclui que tanto no Reino Unido quanto nos EUA, a influência dos eleitores muçulmanos está crescendo, com potencial para causar rupturas significativas nos partidos de centro-esquerda. “Partidos de centro-esquerda moderados não precisam tornar sua rendição aos islâmicos e ao woke permanente. Eles podem (e devem) se reformar”, finaliza.

Quem é Ayaan Hirsi Ali

Ayaan Hirsi Ali é uma acadêmica e ativista somali naturalizada americana, conhecida por sua defesa dos direitos das mulheres e críticas ao islamismo radical. Ela é autora de vários livros, incluindo “Infiel” e “Herege”.

Hirsi Ali é fundadora da Fundação AHA, que trabalha para proteger os direitos das mulheres no Ocidente contra práticas culturalmente sancionadas. Ela é casada com o renomado historiador Niall Ferguson. Após deixar o islamismo e se tornar uma proeminente ativista pelo ateísmo, Hirsi Ali converteu-se ao cristianismo. Ela recebeu diversos prêmios internacionais por seu ativismo, incluindo o Prêmio Simone de Beauvoir em 2008.

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