Corra para comprar um Big Mac
A Economist traz na última edição o seu Big Mac Index, que compara o preço do sanduíche do McDonalds nos Estados Unidos com os de outros países, para medir o quanto as diversas moedas se valorizaram ou desvalorizaram em relação ao dólar, no ano que passou.No Brasil, em 2015, para se comprar um Big Mac, eram necessários 3,35 dólares -- o que significa uma desvalorização de 32% do real frente à moeda americana, em relação a 2014...
A Economist traz na última edição o seu Big Mac Index, que compara o preço do sanduíche do McDonalds nos Estados Unidos com os de outros países, para medir o quanto as diversas moedas se valorizaram ou desvalorizaram em relação ao dólar, no ano que passou.
No Brasil, em 2015, para se comprar um Big Mac, eram necessários 3,35 dólares — o que significa uma desvalorização de 32% do real frente à moeda americana, em relação a 2014.
Praticamente todas as moedas se desvalorizaram face ao dólar, mas isso não trouxe necessariamente benefício aos exportadores. No caso do Brasil, o motivo é mais claro: a baixa do preço das commodities, em especial por causa da desaceleração da China, fez com que o valor total das exportações caísse 22%, apesar de o volume exportado ter aumentado 10%.
O dado mais interessante, porém, é o do industrializadíssimo Japão: em 2013, o Big Mac era 20% mais barato lá do que nos Estados Unidos; hoje, custa 37% menos. O valor das exportações japonesas deveria ter aumentado, mas elas estão 20% menores do que o projetado pelo FMI. O Japão, contudo, não é exceção.
Afora a desaceleração da China, qual seria o motivo de fundo para a desvalorização das moedas não se traduzir, como o esperado, em aumento no valor das exportações dos respectivos países? O FMI e o Banco Mundial apontam “a prevalência das cadeias de suprimento globais”.
Diz a Economist: “Com a globalização, muitos países se tornaram apenas pontos de parada na fabricação de determinados produtos. Componentes são importados, agregados e reexportados. Isso significa que boa parte do que o país ganha com a desvalorização (cambial), em termos de competitividade das suas exportações, ele perde com importações mais caras. O FMI acredita que muito do enfraquecimento das exportações do Japão se deve a isso; o Banco Mundial afirma que isso explica cerca de 40% da diminuição do impacto das desvalorizações (cambiais) nas exportações, globalmente”.
Enquanto o governo brasileiro pensa toscamente, como se o planeta tivesse parado na década de 70, as engrenagens econômicas mundiais estão cada vez mais complicadas.
Corra para comprar um Big Mac enquanto é tempo.
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