Crusoé: novo tropeço da BBC, o “legado misto” do iraniano Raisi
Após gerar indignação com a recusa de chamar o Hamas de terrorista, a rede britânica BBC voltou a causar polêmica com obituário de Raisi
Após gerar indignação com a recusa de chamar o Hamas de grupo terrorista, a rede britânica BBC voltou a causar polêmica com um texto sobre o “legado misto” do presidente do Irã, Ebrahim Raisi (foto), que morreu em um acidente de helicóptero no domingo, 19.
O trecho da reportagem da BBC que causou incômodo é o que tenta explicar o que seria o tal “legado misto“. Diz o texto: “Os seus apoiadores apontariam para a descrição de Raisi feita pelos meios de comunicação estatais iranianos como o presidente dos desprivilegiados e pobres. Quando se tornou presidente, em 2021, Raisi viajou para muitas partes do Irã, prometendo construir milhões de casas a preços acessíveis, reduzir a inflação e combater a corrupção. Sob a sua liderança, houve algumas reformas no andamento de processos judiciais em atraso e familiares de alguns funcionários foram detidos por corrupção e suborno“.
O problema aqui não é sobre a veracidade das informações. É bem provável que Raisi tenha prometido construir milhões de casas e reduzir a inflação.
O debate é sobre até que ponto, diante de um personagem tão cruel, seria justificável que um obituário trouxesse um título falando de um “legado misto“, mesmo com poucas informações que possam trazer uma ação positiva.
Raisi tem um currículo tenebroso. Em 1988, ele integrou duas “comissões da morte” que tinham entre três e quatro integrantes e julgaram os opositores que estavam nas prisões de Evin e Gohardasht.
Nesse período, mais de 5 mil pessoas morreram, incluindo mulheres e crianças.
Não há legado misto aqui, porque seus crimes contra a humanidade superam, em muito, qualquer gesto ou intenção positiva.
No X, leitores adicionaram um contexto comentando uma postagem sobre a reportagem da BBC. “O apelido de Ebrahim Raisi era o ‘açougueiro de Teerã’ por causa dos assassinatos em massa e da tortura brutal de dissidentes políticos”, escreveram os usuários da rede, o antigo Twitter.
Nos comentários feitos na mesma plataforma, diversas pessoas ironizaram o título da BBC.
“O legado misto de Adolf Hitler na Alemanha. Supervisionou o assassinato em massa de judeus, mas era um amante de cachorros“, escreveu Chris Rose.
“O que havia de confuso nisso? Ele era um psicopata que matou dezenas de milhares de dissidentes antes mesmo de completar 30 anos“, escreveu Saeed Ghasseminejad, que trabalha na Fundação para a Defesa das Democracias, FDD.
Lula
No…
Leia mais em Crusoé
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)