Papa Francisco: “Toda ideologia é ruim”
"Todas as ideologias são ruins, e o antissemitismo é uma ideologia ruim. Qualquer 'anti' é sempre ruim", disse o sumo pontífice
Em uma rara entrevista exibida nesta segunda-feira, 20, o papa Francisco conversou com a jornalista Norah O’Donnell do programa “60 Minutes” da CBS. Esta foi a primeira entrevista individual de um papa com uma emissora de televisão americana.
O papa Francisco, líder de 1,4 bilhão de católicos em todo o mundo, é uma das figuras mais influentes no cenário global. Conhecido por sua dedicação aos pobres e marginalizados, ele tem abordado questões controversas com uma postura de inclusão e misericórdia.
Em uma entrevista ao “60 Minutes”, ele compartilhou suas perspectivas sobre conflitos globais, migração e esperança, destacando a importância de agir com compaixão e justiça em tempos de crise.
Conflitos globais
O Papa Francisco começou a entrevista abordando os conflitos na Ucrânia e em Gaza. Ao ser questionado sobre a guerra na Ucrânia, o pontífice fez um apelo emocionado: “Por favor, países em guerra, todos vocês, parem. Parem a guerra. Vocês devem encontrar uma maneira de negociar pela paz. Uma paz negociada é sempre melhor do que uma guerra sem fim.”
Sobre a situação em Israel e Gaza, Francisco destacou a importância de evitar ideologias prejudiciais: “Todas as ideologias são ruins, e o antissemitismo é uma ideologia ruim. Qualquer ‘anti’ é sempre ruim. Você pode criticar um governo ou outro, o governo de Israel, o governo palestino, pode criticar o quanto quiser, mas não ‘anti’ um povo, nem anti-palestino nem antissemitismo.”
Bênção para casais do mesmo sexo
Um dos pontos mais polêmicos da entrevista foi a decisão do Vaticano de permitir a bênção de casais em “relações irregulares”, incluindo uniões homoafetivas. Papa Francisco esclareceu: “o que eu permiti não foi abençoar a união. Isso não pode ser feito porque não é o sacramento. Eu não posso. O Senhor fez assim. Mas abençoar cada pessoa, sim. A bênção é para todos. Para todos. Abençoar uma união de tipo homossexual, no entanto, vai contra o direito dado, contra a lei da Igreja. Mas abençoar cada pessoa, por que não? A bênção é para todos.”
Crise dos imigrantes
A crise migratória também foi um tema central na conversa. O Papa criticou as políticas de fechamento de fronteiras: “fechar a fronteira e deixá-los lá é loucura. O migrante tem que ser recebido. Depois você vê como vai lidar com eles, talvez tenha que mandá-los de volta, não sei, mas cada caso deve ser considerado de forma humana.”Indiferença global
Francisco também abordou a questão da indiferença global diante das crises humanitárias: “há tantos Pôncios Pilatos soltos por aí que veem o que está acontecendo, as guerras, as injustiças, os crimes, e lavam as mãos. É indiferença. Isso é o que acontece quando o coração endurece e se torna indiferente. Por favor, temos que fazer nossos corações sentirem novamente. Não podemos permanecer indiferentes diante de tais dramas humanos. A globalização da indiferença é uma doença muito feia. Muito feia.”
Esperança no mundo
Apesar das dificuldades, o papa Francisco mantém uma visão otimista sobre o futuro: “você vê tragédias, mas também vê tantas coisas bonitas. Você vê mães heroicas, homens heroicos, homens que têm esperanças e sonhos, mulheres que olham para o futuro. Isso dá muita esperança. As pessoas querem viver. As pessoas avançam. E as pessoas são fundamentalmente boas. Sim, há alguns canalhas e pecadores, mas o coração em si é bom.”
A entrevista completa, gravada em 24 de abril, está disponível em inglês e espanhol.
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