Visita de Putin à China preocupa o Ocidente
A aliança entre Rússia e China pode ser vista como uma materialização das ideias geopolíticas promovidas por Alexandr Dugin
Nesta sexta-feira, 17, o presidente russo Vladimir Putin visitou Harbin, cidade no nordeste da China, onde participou de uma feira de comércio e visitou uma universidade reconhecida por suas pesquisas em defesa. O encontro mostra o crescimento dos laços econômicos e militares entre a Rússia e a China.
A visita de Putin ocorre em meio a uma campanha militar intensificada na Ucrânia, o que tem isolado Moscou do Ocidente. Durante a viagem, Putin e o presidente chinês Xi Jinping reafirmaram a estreita cooperação entre os dois países, simbolizada por um abraço de Xi em Putin, um gesto raro de afeto do líder chinês, amplamente divulgado pela mídia estatal chinesa.
A relação entre China e Rússia preocupa o Ocidente, principalmente devido ao aumento da colaboração militar entre os dois países, que inclui exercícios conjuntos das suas forças aéreas e marinhas próximos ao Alasca e Taiwan. Embora a China tenha prometido não fornecer armas letais à Rússia, tem sido a principal fornecedora de componentes críticos que têm aplicações tanto civis quanto militares.
Putin visitou o Instituto de Tecnologia de Harbin, conhecido por sua pesquisa em foguetes, mísseis e tecnologia espacial, áreas de grande interesse para a Rússia, especialmente em meio ao conflito na Ucrânia. A universidade também é conhecida por treinar cientistas norte-coreanos envolvidos no programa nuclear de Pyongyang.
A visita também destaca a dependência econômica mútua, com a China sendo o maior parceiro comercial da Rússia. Em 2023, o comércio bilateral alcançou um recorde de 240 bilhões de dólares, impulsionado pela compra chinesa de petróleo russo e pela substituição de marcas ocidentais que deixaram a Rússia após as sanções internacionais.
A aliança China-Russa e as ideias de Alexandr Dugin
A aliança entre Rússia e China pode ser vista como uma materialização das ideias geopolíticas promovidas por Alexandr Dugin, ideólogo próximo ao Kremlin e influente na política externa russa. Dugin, conhecido por sua obra “Fundamentos da Geopolítica”, defende a formação de uma coalizão “eurasiana” que se oponha ao domínio ocidental, especialmente dos Estados Unidos e da OTAN.
Dugin argumenta que a Rússia deve liderar um bloco de nações que compartilhem interesses geopolíticos e valores tradicionais, desafiando a ordem liberal ocidental. A cooperação entre Rússia e China exemplifica essa visão, pois ambos os países buscam criar um contrapeso à influência ocidental, promovendo um mundo multipolar.
A visita de Putin à China e o fortalecimento dos laços militares e econômicos entre os dois países são passos concretos na direção de consolidar essa aliança estratégica. A colaboração em áreas sensíveis, como tecnologia de defesa e comércio energético, além de exercícios militares conjuntos, reflete a intenção de criar uma frente unida contra a hegemonia ocidental.
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