Se foi ele, Silvio Luiz, o craque da camisa número 10
A perda de três gigantes do jornalismo esportivo é momento óbvio de lamento, mas também de celebração de Apolinho, Antero Greco, Silvio Luiz e do poder agregador do esporte
O jornalismo esportivo lamenta nesta quinta-feira, 16, a morte de três de seus gigantes. Primeiro faleceu Washington Rodrigues, Apolinho, ao 89 anos. Depois veio a confirmação da morte precoce de Antero Greco, aos 69 anos, e, na manhã desta quinta, (se) foi ele, Silvio Luiz (à esquerda na foto, que o próprio compartilhou inúmeras vezes nas redes sociais), aos 89 anos.
Outro titã do meio esportivo brasileiro, o apresentador Milton Neves resumiu as mortes como “as 12 horas mais devastadoras da história da crônica esportiva brasileira”. Cada um desses jornalistas que o Brasil perdeu em tão pouco tempo se destacou a seu modo.
Apolinho criou bordões históricos, que transcenderam o esporte, como “pinto no lixo” e “briga de cachorro grande”, e se notabilizou pela paixão clubística, mais especificamente pelo Flamengo, sem que isso pusesse em dúvida sua isenção — uma questão em debate mesmo hoje, quando os jornalistas especializados assumiram seus times.
Gentileza
Antero, que ainda tinha muito chão pela frente, marcou uma geração mais jovem, pelas noites bem humoradas ao lado de Paulo Soares, o Amigão, no Sportscenter, da ESPN. Foi definido por José Trajano, outro pilar do jornalismo esportivo nacional, pela palavra gentileza, o que ajuda a explicar por que se tornou tão querido, tanto no ar quanto fora dele.
E Silvio Luiz é simplesmente o homem que nos ensinou que era possível narrar gols sem gritar que foi gol. E cujos bordões irreverentes moldaram a forma como se assiste ao futebol no Brasil. O narrador Everaldo Marques, um dos herdeiros de mais destaque do estilo de Silvio, traduziu assim a sua morte:
“E num dos dias mais tristes da história do jornalismo esportivo, chega também a notícia da perda de Silvio Luiz, que com sua linguagem única marcou de maneira sem igual as transmissões esportivas na TV. Costumo dizer que ele, Galvão Bueno e Luciano do Valle formam e sempre formarão a Santíssima Trindade da narração esportiva na TV. Que dia devastador”.
Confira comigo no replay
A morte é um evento para lamento, inevitavelmente. Ainda mais quando vem muito mais cedo do que se espera, como no caso de Antero Greco.
Mas quando se trata de personalidades de tanto destaque e tão queridas como os três jornalistas esportivos que se foram nas últimas horas, não se pode perder a oportunidade de celebrá-los e de constatar também o poder agregador do esporte, em especial o futebol.
Esses três são prova de que é possível se entender, mesmo em tempos de confronto permanente, nem que seja para jogar bola.
“Agora é fechar o caixão e beijar a viúva”, diria Silvio Luiz. E nós vamos continuar dizendo.
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