Zelensky manda recados a Lula
À 'Folha', o presidente da Ucrânia afirmou que "seria um grande erro" se Lula fosse a Moscou em outubro
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não poderia ter sido mais claro diante da possibilidade de uma visita de Lula (PT) à Rússia em outubro, quando está previsto um novo encontro dos líderes do Brics.
“Seria um grande erro”, afirmou o chefe de Estado ucraniano em entrevista publicada pela Folha de S.Paulo nesta quinta-feira, 18.
“Temos que isolar politicamente Vladimir Putin. Ele precisa sentir que cometeu um erro histórico ao invadir a Ucrânia. Quando você vai até ele, você o reconhece”, acrescentou.
Na entrevista, Zelensky disse que algo mudou “de forma positiva no beco sem saída” que era seu relacionamento com Lula depois do encontro bilateral realizado em setembro de 2023, em Nova York.
No entanto, ele afirmou que o petista, se realmente quiser “resolver a guerra”, precisará alterar sua política internacional.
“O Brasil terá um grande impacto se a política de Lula com a Ucrânia mudar, se ele realmente quiser resolver a guerra e reconhecer a Rússia como agressora.”
Celso Amorim em Moscou
Zelensky também disse ter ficado surpreso com a visita de Celso Amorim, assessor espacial da Presidência, à Rússia na semana que vem.
“Não podemos impedir ninguém de ir aonde quiser”, afirmou.
“Se o Brasil não fizer nada radical… Se julga importante ouvir os dois lados, se está disposto a ouvir a Rússia. Mas fico surpreso. Se dois anos não foram suficientes para entender o que está acontecendo [na guerra], ele precisa nos ouvir de novo”, acrescentou.
“Dois bicudos”
Durante a visita do presidente francês Emmanuel Macron ao Brasil em março, Lula demonstrou não ter mudado de ideia sobre a invasão da Rússia à Ucrânia, mantendo o discurso de que Kiev deve aceitar negociar com o ditador Vladimir Putin.
“Aquela guerra só tem uma solução, que será a paz”, disse o petista.
“Os dois bicudos vão ter de se entender. Em algum momento eles vão ter de sentar [à mesa de negociações] e chegar a conclusão de que não valeu a pena o que foi feito até agora — a destruição, os gastos, os investimentos em armas muito maior que os investimentos para combater a fome e a miséria”, acrescentou.
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