Ativista preso por suposta tentativa de assassinar Maduro
Em 2017, o ativista foi preso acusado de traição à pátria e crimes contra a integridade, a independência e a liberdade da nação
A Justiça da Venezuela anunciou, nesta terça-feira, 16, a prisão do ativista Carlos Julio Rojas, acusando-o de estar envolvido em um suposto plano de assassinato contra o ditador Nicolás Maduro.
Segundo o Ministério Público, Rojas foi detido por ser apontado como instigador e operador logístico na tentativa de magnicídio contra o ditador.
Essa prisão ocorre pouco mais de três meses antes das eleições presidenciais e vem acompanhada de outras detenções controversas. Desde o início do ano, dezenas de pessoas têm sido presas pelo regime venezuelano por motivos políticos, sendo que nove delas foram detidas por publicações e mensagens em redes sociais, conforme monitoramento do site Efecto Cucuyo. Duas dessas prisões estão relacionadas à suposta tentativa de assassinato.
Prisão de opositores
Não é a primeira vez que Maduro denuncia planos de opositores para matá-lo. A última denúncia ocorreu no dia 25 de março, durante seu registro como candidato nas imediações do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), em Caracas.
Segundo a Folha de S. Paulo, após essa denúncia, os dois detidos foram acusados pelo procurador-geral Tarek William Saab de terrorismo e tentativa de magnicídio. Ambos são integrantes do Vente Venezuela, grupo político liderado pela opositora María Corina Machado, que foi proibida de disputar as eleições. O grupo nega as acusações feitas contra eles.
Além disso, sete membros da equipe de campanha de Corina estão detidos e outros sete têm mandados de prisão. De acordo com a ONG Foro Penal, atualmente a Venezuela possui 269 presos políticos. A organização de direitos humanos Provea afirma que a perseguição no país está aumentando.
Quem é Carlos Julio Rojas?
Carlos Julio Rojas é um ativista comunitário e jornalista que coordena a Frente Norte de Caracas, organização que denuncia invasões a propriedades privadas. Sua prisão nesta segunda-feira foi realizada por dois homens vestidos de preto, segundo seus familiares.
Essa não é a primeira vez que o jornalista é preso. Em 2017, ele foi acusado de traição à pátria e crimes contra a integridade, a independência e a liberdade da nação. Na ocasião, sua defesa afirmou que não havia ordem judicial contra ele e que cinco granadas foram plantadas em seus pertences no momento da detenção.
Em 2020, ele foi preso por cerca de dez horas após participar de um protesto de aposentados em Caracas.
Eleições na Venezuela
A situação política na Venezuela está dificultando os esforços para realizar eleições livres. Os Estados Unidos condicionaram a renovação de uma licença temporária que aliviou sanções ao país ao compromisso de um pleito justo. Caso não haja progresso nesse sentido até o prazo estabelecido para esta quinta-feira, 18, as sanções serão retomadas.
Autoridades dos EUA se reuniram com representantes do governo venezuelano no México na semana passada, mas pouco ou nenhum progresso foi alcançado. A administração do presidente Joe Biden tem poucas esperanças de que Maduro faça concessões suficientes antes do prazo. Em seu programa de televisão semanal, Maduro afirmou que o país não é uma colônia estrangeira e que seguirá em frente com ou sem a licença.
Maria Corina Machado, vencedora das primárias da oposição em outubro passado, não pode concorrer às eleições por estar impedida de ocupar cargos públicos. Ela nomeou Corina Yoris como sua sucessora, mas a acadêmica de 80 anos também não pôde registrar sua candidatura. Até o dia 20 de abril, possíveis substitutos podem ser nomeados.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)