Juros e dólar ainda reagem a alteração na meta fiscal
A flexibilização do compromisso fiscal do governo foi mal recebida pelos agentes econômicos e deve impulsionar revisões nas expectativas
Os investidores locais devem continuar a calibrar as projeções para os juros e o dólar em função da troca do superávit de 2025 pelo déficit zero. De acordo com o PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) encaminhado ao Congresso Nacional na tarde de segunda-feira, 16, o governo abandonou as perspectivas de arrecadar mais do que gasta no ano que vem e flexibilizou os resultados fiscais dos anos seguintes.
Para 2026, por exemplo, a proposta é de uma meta de resultado primário (que considera as receitas do governo menos as despesas, excetuando-se o que for relacionado a juros) equivalente a 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto) contra um objetivo anterior de 1%. A flexibilização com o trato das contas públicas impactou as negociações e fez o dólar bater 5,21 reais na máxima do dia e os juros futuros dispararem após o anúncio .
Em evento em Nova Iorque, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que não comentaria sobre a mudança na meta fiscal, mas afirmou que toda vez que há alteração nas perspectivas fiscais, aumenta-se o custo da política monetária. “Se houver a percepção de que não existe âncora fiscal, o trabalho do BC fica mais difícil”, alertou.
Esse custo apontado pelo presidente de autoridade monetária se refere a juros mais altos. O entendimento de Roberto Campos Neto explica a reação dos investidores ao anúncio. A Selic terminal (a taxa esperada ao fim do ciclo de cortes) que iniciou 2024 precificada a 9% ao ano agora se aproxima de 10,25% a.a., com os investidores deslocando as expectativas na direção de apenas mais dois cortes de 25 pontos base ante apostas de cinco cortes de 50 pontos base três meses atrás.
O dia deve ser de revisões para as expectativas de economistas e instituições financeiras e deve continuar a pressionar juros e dólar.
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