Uma fuga de cinema em Mossoró
Em ligação interceptada pela Polícia Federal, um dos criminosos descreveu a fuga da Penitenciária Federal de Mossoró, que durou 50 dias
Fugitivo da Penitenciária Federal de Mossoró e recapturado por agentes da PF e da PRF na quinta-feira, 4, Rogério da Silva Mendonça, o Martelo, descreveu a fuga que durou 50 dias como “coisa de cinema”.
Em ligação interceptada pela Polícia Federal, e divulgada pelo Fantástico, da TV Globo, no domingo, 7, o criminoso afirmou que dava “para sentir o chulé das botas dos caras”. Mesmo assim, ele e Deibson Cabral Nascimento, o Tatu ou Deisinho, conseguiram avançar até o Pará.
“Começou no cerradinho, assim, passei imprensado [sic], até ficar grande, grande, grande. Foi coisa de cinema, com helicóptero, monte de drone. Foi Deus que me salvou”, disse.
“A gente saiu de lá e dava para sentir o chulé das botas dos caras”. “Eu tô livre… curtindo a vida. E tô bem, cheio de saúde, força, liberdade, pegando um ventozão [sic] aqui. Achei que nunca mais ia ver isso”, acrescentou.
Rogério também revelou quais seriam os próximos passos da dupla formada.
“Acho que não vai mais um mês, porque agora embarcaram numa parte por água, vai vir um carro buscar nós e tirar nós do país.”
A prisão
Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento foram presos em uma ação conjunta da PF e da PRF na cidade de Marabá, no estado do Pará, a 1.600 quilômetros do local da fuga.
Segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, os fugitivos tentavam sair do Brasil.
“Eles foram presos a cerca 1,6 mil quilômetros do local da fuga, o que demonstra que obviamente foram ajudados por criminosos externos, e tiveram portanto auxílio de seus comparsas das organizações criminosas as quais eles pertenciam”, disse o ministro.
A fuga
Os dois presos, originários do Acre, estavam na unidade desde setembro de 2023 e eram membros da facção criminosa Comando Vermelho. A fuga ocorreu no dia 14 de fevereiro, quando os detentos abriram um buraco atrás de uma luminária e cortaram duas cercas de arame utilizando ferramentas provenientes de uma obra em andamento no local.
Esta foi a primeira fuga registrada na história do sistema penitenciário federal, que engloba penitenciárias em Brasília (DF), Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO). A segurança dessas unidades tem sido alvo de atenção especial por parte das autoridades, visando evitar a ocorrência de novas fugas.
Um Pix para os fugitivos de Mossoró
A Polícia Federal afirmou que os dois foragidos da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, receberam dinheiro vindo de uma transação via Pix antes de serem recapturados.
O autor da transação eletrônica se chama Roberto Paulo Santos e é morador do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
A PF afirma que “foi possível identificar uma rede de apoio constituída provavelmente por lideranças do Comando Vermelho para manterem os foragidos longe do alcance da Justiça”.
Além disso, Rogério e Deibson receberam 5 mil reais em dinheiro vivo do mecânico Ronaildo da Silva Fernandes, que abrigou a dupla por sete dias em uma fazenda e diz ter tido a família feita de refém pelos criminosos.
Leia mais: Os seguranças dos fugitivos de Mossoró
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