Governo gera incerteza fiscal e pressiona juros para cima
Falta de credibilidade nas estimativas de arrecadação e despesas começam a afetar as perspectivas por juros mais baixos
As perspectivas para as contas públicas ainda são fonte de preocupação para o mercado financeiro e devem continuar a impactar os ativos nacionais conforme as notícias sobre gastos subestimados e receitas superestimadas se multiplicam.
Do lado das despesas, estimativas para a previdência apontam para gastos até 20 bilhões de reais acima do previsto pelo governo. E do lado das receitas, revisões em medidas em tramitação e nas negociações com empresas por renovação de concessões devem prejudicar a expectativa de arrecadação.
Com as propostas arrecadatórias enfrentando dificuldade no Congresso Nacional, o governo estuda acionar a Justiça para tentar rever as decisões do parlamento. No entanto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve insistir com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, por uma saída negociada à redução na contribuição previdenciária de municípios com até 156 mil habitantes.
Pacheco derrubou a proposta do governo para evitar o desconto, o que, de acordo com números da Fazenda, reduziria a arrecadação deste ano em cerca de 10 bilhões de reais.
Com menos a receber e mais a gastar, a meta de zerar o déficit primário ainda este ano está cada vez mais longe. A resposta do mercado financeiro para o descompasso entre as estimativas do governo e a realidade das contas públicas tem aparecido nos juros futuros.
Na sessão de quarta-feira, 3, a precificação da Selic para o fim deste ano que chegou a ficar na casa dos 8% no ano passado, está acima de 9,75% ao ano até dezembro de 2024. Isso significa que o mercado entende que o Banco Central não terá mais tanto espaço para reduzir os juros, em função da desconfiança com a responsabilidade fiscal.
Além disso, o contínuo atraso para o início do ciclo de cortes de juros americanos também tem afetado as expectativas sobre a taxa básica e o câmbio por aqui.
No cenário corporativo, o governo também tem gerado ruídos prejudiciais. A elevação do tom do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, contra o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, voltou a movimentar o noticiário e deve impactar negativamente o mercado acionário brasileiro na sessão desta quinta-feira, 4.
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