Cid baixa o tom ao STF
Mauro Cid recuou das acusações de pressão de agentes da Polícia Federal; mensagens de áudio vazadas na quinta o levaram de volta à prisão
Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro no centro de diversas investigações que miram o ex-presidente, o tenente-coronel Mauro Cid (foto) baixou o tom da confrontação ao Supremo Tribunal Federal (STF) em seu depoimento com a corte nesta sexta-feira, 22 de março.
A informação foi dada pela Folha de S. Paulo e confirmada por O Antagonista.
Ele recuou das acusações de pressão de agentes da Polícia Federal em seus depoimentos à corporação, vazadas em mensagens de áudio na quinta-feira, 21.
Cid se recusou, entretanto, a revelar com quem conversava na interação vazada.
Preso
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro foi preso enquanto prestava depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) mais cedo nesta sexta. Ele cumprirá a prisão preventiva no Batalhão.
O argumento usado por Alexandre Moraes foi de descumprimento de medidas cautelares e obstrução à justiça por parte do militar, após a revelação de áudios em que Cid, até então sob acordo de delação premiada, ataca a PF e o próprio ministro do STF.
Conforme apurou O Antagonista, a PF também cumpriu um mandado de busca e apreensão. Um celular foi apreendido. Cid foi preso enquanto prestava depoimento no STF. O argumento usado por Moraes foi de descumprimento de medidas cautelares e obstrução à justiça por parte do militar.
Depoimento
O ex-assessor direto de Bolsonaro foi convocado a falar novamente após a revista Veja ter divulgado, na noite de quinta-feira, 21, áudios em que Cid critica a Polícia Federal (PF) e Moraes.
“Após o término da audiência de confirmação dos termos da colaboração premida, foi cumprido mandado de prisão preventiva expedido pelo Ministro Alexandre de Moraes contra Mauro Cid por descumprimento das medidas cautelares e por obstrução à Justiça. Mauro Cid foi encaminhado ao IML pela PF”, diz nota do STF.
Antes da prisão, advogados de Cid disseram que os áudios “não passavam de desabafos” enviados a um amigo por meio de Whatsapp e que o conteúdo não comprometia “a lisura, seriedade e correção” da delação firmada pelo militar com a PF, sob respaldo da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do STF.
Áudios
Nas gravações divulgadas pela Veja, Cid acusa Moraes, responsável pela homologação da delação, e agentes da PF de estarem com a “narrativa pronta”. Ou seja, de irregularidades ao longo do acordo de colaboração.
Segundo Cid, os investigadores “não queriam saber a verdade”. Na gravação, o ex-ajudante de Bolsonaro afirma que a PF o pressionou a relatar fatos que não aconteceram e detalhar eventos sobre os quais não tinha conhecimento.
Mauro Cid também diz que foi induzido por policiais a corroborar declarações de testemunhas e a reproduzir informações específicas, sob pena de perder os benefícios do acordo de delação premiada. Além disso, o militar critica a atuação de Moraes, afirmando que o ministro faz o que bem entender.
“O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação. Se eu não colaborar, vou pegar 30, 40 anos [de prisão]. Porque eu estou em [inquérito sobre] vacina, eu estou em joia”, comentou Cid.
Na gravação, o ex-ajudante de Bolsonaro afirma que Moraes “já tem a sentença pronta” dos inquéritos dos quais é relator e que apenas aguarda “o momento mais conveniente” para ordenar as prisões dos investigados.
“O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta, acho que essa é que é a grande verdade. Ele já tem a sentença dele pronta. Só está esperando passar o tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita e ele prende todo mundo”, reclamou.
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