O desafio do lixo marinho: como a poluição profunda ameaça os oceanos
Em expedições realizadas nas regiões Sul e Sudeste do país, visando estudar a biodiversidade marinha, os pesquisadores se depararam com uma realidade sombria.
Os oceanos, essenciais para a manutenção da vida na Terra, enfrentam um adversário invisível e crescente: o lixo marinho. Recentemente, um estudo conduzido por cientistas do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) revelou a presença de resíduos humanos, como embalagens plásticas, calçados e brinquedos, em profundidades que vão de 200 a 1.500 metros ao largo da costa brasileira. Mais alarmante ainda, a equipe encontrou um frasco de remédio datado de um século atrás, marcando o primeiro relato de lixo no mar profundo do Brasil.
Em expedições realizadas nas regiões Sul e Sudeste do país, visando estudar a biodiversidade marinha de profundezas onde a vida é quase um milagre, os pesquisadores se depararam com uma realidade sombria. A bordo do Navio Oceanográfico Alpha Crucis, da USP, duas novas espécies de peixes foram descobertas, mas a presença majoritária foi de resíduos plásticos, compondo 58,5% dos 603 itens coletados, totalizando 13,78 kg de lixo.
Qual é a origem do lixo encontrado nas profundezas?
A diversidade de lixo identificada chama a atenção para um problema global. Latas de refrigerante de oito países distintos, embalagens de desodorante da década de 1970, e alimentos de 1996 ilustram como o oceano profundo tornou-se um acúmulo de resíduos transportados por milhares de quilômetros. Além de plásticos, tecidos, metais, tintas de navio, vidro e concreto foram encontrados, evidenciando que os detritos humanos não conhecem fronteiras.
Quais são os impactos do lixo marinho nos ecossistemas oceânicos?
A quantidade substancial de produtos altamente poluentes como tintas de navio e latas de óleo contaminadas põe em risco os ecossistemas marinhos. A ingestão de microplásticos por animais marinhos, por exemplo, representa uma ameaça direta à biodiversidade oceânica. O estudo aponta a necessidade urgente de fiscalização do descarte de lixo nos mares e repensar o uso de plásticos descartáveis.
Como podemos combater a poluição marinha?
Diante desta realidade, a oceanógrafa Flávia Tiemi Masumoto, que lidera o estudo, ressalta a importância de mudanças estruturais no tratamento que damos ao oceano e à produção de lixo. “O oceano não é um lixão”, alerta, indicando a necessidade de uma abordagem multifacetada para combater a poluição. Medidas como a redução do consumo de plásticos de uso único, incentivo à reciclagem e ações de limpeza dos mares são essenciais para preservar a saúde dos oceanos.
O desafio do lixo marinho nos chama para a ação. A conscientização e a promoção de práticas sustentáveis, tanto por indivíduos quanto por governos e empresas, são passos cruciais para a conservação dos ecossistemas marinhos e, por extensão, do nosso próprio futuro no planeta.
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