PF vê elo entre fraude em cartão de vacina e suposto plano golpista
Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro usou um cartão fraudado para esperar fora do país o resultado dos atos de 8 de janeiro
No relatório em que indicia o ex-presidente Jair Bolsonaro por fraudes em cartões de vacinação, o delegado Fábio Alvarez Shor afirma que, durante as investigações, os agentes conseguiram levantar indícios de que há um vínculo entre o esquema de inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde e dois supostos planos para se dar um golpe de estado após as eleições de 2022.
Segundo o delegado da PF, a falsificação dos cartões de vacinação de Jair Bolsonaro e de sua filha, Laura, foi determinante para que o ex-presidente da República aguardasse, fora do país, o resultado dos supostos movimentos golpistas do final de 2022 e início de 2023. Para a PF, o quebra-quebra na praça dos três poderes em 8 de janeiro do ano passado foi uma segunda tentativa – agora violenta – de se estabelecer um golpe de estado no país.
“Conforme exposto na representação policial relacionada aos fatos investigados na Pet. 12.100/DF, que apura condutas para uma tentativa de Golpe de Estado e Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito, o presente eixo relacionado ao uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens ilícitas (…) pode ter sido utilizado pelo grupo para permitir que seus integrantes, após a tentativa inicial de Golpe de Estado, pudessem ter à disposição os documentos necessários para cumprir eventuais requisitos legais para entrada e permanência no exterior (cartão de vacina), aguardando a conclusão dos atos relacionados a nova tentativa de Golpe de Estado que eclodiu no dia 08 de janeiro de 2023”, informa a autoridade policial no relatório.
“Elemento que une“
“Seja nas redes sociais, seja na prática de atos concretos de inserções de dados falsos de vacinação contra a Covid-19, o elemento que une seus integrantes está sempre presente, qual seja, a atuação no sentido de proteger e garantir a permanência no poder das pessoas que representam a ideologia professada”, complementa o delegado.
Ainda na visão do delegado da PF, era importante que Bolsonaro e seu grupo político mantivessem a coerência do discurso contrário à vacinação para manter a sua base mobilizada. Essa base era insuflada, conforme a PF, pelo chamado “Gabinete do Ódio”.
“O mecanismo idealizado pelo autointitulado GDO (“gabinete do ódio”) reverberou e amplificou por multicanais a difusão de notícias falsas envolvendo a pandemia e ataques à vacinação contra covid-19 (…). Assim, percebe-se que a estrutura criminosa (…) foi utilizada para propiciar que pessoas do círculo próximo do ex-presidente da República Jair Bolsonaro pudessem burlar as regras sanitárias impostas na Pandemia da Covid-19 e, por outro lado, manter coeso o elemento identitário do grupo em relação a suas pautas ideológicas”, conclui o delegado.
Como mostramos mais cedo, Bolsonaro foi indiciado pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações. Agora a PGR deve apresentar denúncia em um prazo de 15 dias.
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