“Surto sem precedentes de dengue no Brasil”, diz The Telegraph
“Hospitais e médicos estão no limite depois que mais de 1,5 milhão de pessoas contraíram o vírus neste ano”, informou o jornal britânico The Telegraph
O jornal britânico The Telegraph publicou nessa segunda-feira, 18 de março, uma matéria sobre o surto de dengue sem precedentes que surgiu no Brasil: “Hospitais e médicos estão no limite depois que mais de 1,5 milhão de pessoas contraíram o vírus neste ano”, escreveu o jornal, alertando que “o país luta contra uma epidemia que está esgotando os recursos e se espalhando muito além das áreas tradicionalmente afetadas”.
Thais dos Santos, assessora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), explicou à equipe do Telegraph que a epidemia era única: “A forma como a curva epidêmica cresceu no início do ano foi realmente preocupante, estava crescendo muito mais rápido do que normalmente vemos”, disse ela.
O vírus, transmitido por mosquitos, já se espalhou por grande parte da América do Sul e do Caribe. Mas é o Brasil que está sendo mais duramente atingido, informa ainda o jornal, que também consultou Julio Henrique Rosa Croda, médico e professor associado da Faculdade de Medicina da UFMS e da Escola de Saúde Pública de Yale.
“Os pacientes de lugares como Brasília estão sofrendo, esperam seis horas para serem atendidos na capital do país e ainda nem chegamos ao pico da doença”, disse Croda.
O professor Ribas Freitas, por sua vez, mostrou preocupação com o fato de a resposta do país ser desarticulada entre as autoridades federais, estaduais e locais e também lastimou que as autoridades de saúde tenham deixado para para conter tarde demais a propagação do mosquito Aedes aegypti, que transmite a doença:
“O controle dos mosquitos neste momento não é muito eficiente, porque eles estão voando com o vírus. O controle dos mosquitos é mais eficiente quando você faz isso antes [da eclosão], em novembro, dezembro – para evitar até mesmo o início de uma epidemia”, explicou ao jornal londrino.
A vacina também é apontada na referida matéria como medida insuficiente para conter o curto: “o Brasil – com 214 milhões de habitantes – garantiu apenas doses suficientes para vacinar 3,3 milhões de pessoas este ano. Para começar, apenas 521 cidades receberão a vacina, numa campanha voltada para crianças de 10 e 11 anos”.
A matéria comenta, porém, como promissor o programa que libertou mosquitos infectados pela bactéria Wolbachia, que impede o Aedes aegypti de transmitir a dengue: “a Science informou que em Niterói, onde a Wolbachia está implantada desde 2015, apenas 58 casos confirmados foram notificados este ano. O vizinho Rio de Janeiro é 14 vezes maior, mas registrou 161 vezes mais casos, com 9.355 detectados desde janeiro”.
O problema é que a expansão do programa em todo o país será lenta. Além disso, cita-se como bastante preocupante a existência de outra doença transmitida por mosquitos da mesma família: a chikungunya.
“Há duas epidemias ao mesmo tempo”, disse o professor Ribas Freitas ao jornal The Telegraph. “As complicações são muito diferentes… e se os médicos não souberem se um paciente tem dengue ou chikungunya, eles podem interpretar as complicações incorretamente”, diz ele. “Acho que este é um grande, grande problema agora.”
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