Entenda a crise no Haiti
Explore a crise no Haiti, onde Porto Príncipe enfrenta violência e desabastecimento. Saiba das tentativas de fuga e da luta por soluções.
Em meia a uma cidade silenciada pelas gangues, todos ouvem o zumbido de um helicóptero no meio da noite – sinal de que alguém com muita sorte conseguiu fugir da adoecida Porto Príncipe. Na última sexta-feira, após dias de planejamento intenso, a CNN conseguiu desembarcar na capital haitiana. Desde a visita anterior do veículo de notícias ao Haiti, a situação piorou drasticamente.
O primeiro-ministro sitiado, Ariel Henry, anunciou sua decisão de se afastar e o governo de transição ainda suspenso. As pessoas comuns mal saem de casa em Porto Príncipe, onde batalhas diárias entre a polícia e as gangues lançam nuvens de fumaça no ar e os tiros ecoam pelas ruas em silêncio.
Desabastecimento em Porto Príncipe
Todos os acessos à cidade estão bloqueados por gangues, tanto as estradas terrestres quanto o porto da cidade. O aeroporto internacional está fechado devido aos conflitos, ilustrado pelas paredes cravejadas de marcas de tiros. Os supermercados da cidade estão ficando sem comida, os postos de gasolina sem combustível e os hospitais sem estoques de sangue.
Na noite de sexta-feira, disparos de armas de fogo puderam ser ouvidos ao redor da cidade. Abaixo, uma operação policial estava em andamento no território do notório líder de gangue e ex-policial Jimmy Cherizier, conhecido como “Barbecue”.
Tentativas Extremas para Fugir
Centenas de pessoas estão colocando seus nomes em listas para fugir de Porto Príncipe de helicóptero, uma pequena parcela de estrangeiros ricos e diplomatas que podem arcar com o custo de um voo privado, cuja tarifa por um único assento pode ultrapassar US$ 10 mil.
Os helicópteros podem ser ouvidos regularmente à noite e de manhã cedo, com uma diferença audível entre os pequenos helicópteros privados e os helicópteros militares maiores, acreditados serem usados por algumas missões diplomáticas, incluindo os Estados Unidos.
Haiti sob domínio das gangues
Segundo estimativas da ONU, cerca de 80% de Porto Príncipe é atualmente controlada por gangues. Rivalidades entre elas aumentaram a violência, principalmente após o fracasso do primeiro-ministro em realizar eleições no mês passado, sob a alegação de que a insegurança no país comprometeria a votação.
A situação levou a uma crise de segurança sem precedentes no Haiti, com várias delegacias de polícia atacadas e incendiadas nas últimas semanas. A situação tornou-se insustentável especialmente por conta da incapacidade da polícia nacional em cobrir todo o território do país.
Uma possível solução: forças internacionais
O sucesso na responsabilização da crise no Haiti, ou pelo menos da cidade de Porto Príncipe, pode passar pela instauração de forças internacionais para reforçar a polícia haitiana e combater as gangues, uma missão solicitada pelo governo anterior, com apoio do Conselho de Segurança da ONU e que seria comandada pelo Quênia.
Essa força ajudaria a restaurar a paz e dar a possibilidade de uma nova eleição e constituição de um novo governo, a fim de tentar restaurar a ordem no Haiti.
Um plano estagnado
Entretanto, esses planos parecem estar cada vez mais distantes. Com a renúncia de Henry, antes mesmo da formação do conselho de transição, o Quênia admitiu que o envio de suas forças seria adiado devido à instabilidade política haitiana.
Porto Príncipe, a maior cidade do Haiti, vive num estado de guerra civil, com a população em grande parte encurralada e temendo diariamente por suas vidas. Sua situação poderia ser descrita como apocalíptica dada a falta de produtos fundamentais e o constante medo de conflitos. É, sem dúvidas, uma situação que precisa da atenção urgente da comunidade internacional.
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