Brasileiro que cometeu crime cinematográfico é preso
Alexandre Hideaki Miura, ligado à mafia japonesa Yakuza, foi preso em São Paulo
Em um desenrolar digno de roteiros cinematográficos, São Paulo foi palco da prisão de um brasileiro, previamente associado à temida Yakuza, a máfia japonesa, neste domingo, 10.
Alexandre Hideaki Miura, de 46 anos, viu o cerco se fechar após a Justiça brasileira ratificar sua condenação por um crime hediondo cometido em território japonês no ano de 2001: o sequestro seguido de morte de um empresário de casas noturnas.
A condenação de Miura a 30 anos de prisão veio à tona em 2022, pondo fim a um longo capítulo de investigações e desdobramentos judiciais que envolveram não só ele, mas também outros três brasileiros e cinco membros da Yakuza.
O grupo, disfarçado de trabalhadores da construção civil, executou um plano macabro contra Harumi Inagaki, em Nagoya. Armados com tacos de beisebol, golfe, chave de rodas, e pé de cabra, e disparando dois tiros, eles não apenas mataram Inagaki, como também atiraram contra sua esposa, Takako Katada, que, por um fio, sobreviveu a um tiro no pescoço.
O golpe fatal foi encenado com um requinte de vingança: o corpo de Inagaki foi concretado dentro de um barril e jogado num rio. O cadáver só emergiu para as autoridades após uma confissão parcial dos envolvidos, desvendando um ato de extorsão e vingança dentro do submundo da máfia japonesa.
Dada a complexidade internacional do caso, a justiça japonesa se viu obrigada a colaborar diretamente com as autoridades brasileiras, culminando na operação que deteve Miura na Zona Leste paulistana. A prisão foi finalmente efetuada pela polícia militar de São Paulo.
Com a Yakuza conhecida por suas estritas regras de conduta e punições severas, incluindo amputações e assassinatos por traição, este caso lança luz sobre as sombrias operações da organização fora do Japão, incluindo o recrutamento de estrangeiros para cometer crimes.
O que é a Yakuza
A Yakuza é uma organização criminosa internacional nascida no Japão. Ela é conhecida por seu rígido código de conduta e estrutura organizada, atuando em atividades criminosas como contrabando, exploração de prostituição, jogos de azar, entre outras.
Com origens que remontam ao século XVII, a Yakuza se desenvolveu a partir de dois grupos principais no período Edo: os dokai, envolvidos com a venda de bens ilícitos, e os okada, focados em jogos de azar. Este último grupo tem uma presença significativa tanto no Japão quanto internacionalmente, com estimativas calculando cerca de 500.000 membros.
A Yakuza é estruturada de forma hierárquica, adotando o sistema tradicional japonês de oyabun-kobun, onde há um relacionamento de lealdade entre o “pai adotivo” e seus “filhos”. A organização é regida por um código de conduta conhecido como jingi, que enfatiza a justiça e o dever. Rituais como o yubitsume, ou corte do dedo, servem como penitência ou pedido de desculpas dentro da organização.
A máfia japonesa mantém uma forte influência no mercado imobiliário, bancos, e até mesmo em empresas “legítimas”, embora enfrentem cada vez mais medidas regulatórias e de aplicação da lei, tanto no Japão quanto internacionalmente.
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