Corina denuncia sequestro de aliado por ditadura de Maduro
Na publicação, a ex-deputada também relembrou que teve dirigentes de sua campanha sequestrados em mais outros três estados
A líder da oposição da Venezuela, Maria Corina Machado (foto), denunciou, neste sábado, 9 de março, o sequestro do diretor do seu comando de campanha do estado de Barinas, no oeste venezuelano, pelo regime de Nicolás Maduro.
“Denuncio aos venezuelanos e ao mundo que o regime de Nicolás Maduro sequestrou o nosso Diretor do Comando de Campanha do estado de Barinas, Emill Brandt, poucas horas depois de eu ter visitado este estado”, publicou Corina Machado em seu perfil no Instagram.
Na publicação, a ex-deputada também relembrou que teve dirigentes de sua campanha sequestrados em mais outros três estados.
“Há 47 dias sequestraram nossos Diretores dos Comandos de Campanha dos estados de Trujillo, Vargas e Yaracuy, que hoje estão presos em El Helicoide, o maior centro de tortura da América Latina”, disse, em referência ao centro de detenção do serviço de Inteligência chavista, em Caracas.
Corina Machado descreveu o sequestro de Brandt como “mais uma violação do já pisoteado Acordo de Barbados e mostra que Maduro optou por continuar ‘da maneira mais difícil’”.
“Exigimos uma reação firme de todos os atores nacionais e internacionais que apoiam uma verdadeira eleição presidencial na Venezuela”, disse a ex-deputada na publicação deste sábado.
“Continuaremos a viajar por todo o nosso país na construção de cada vez mais força e organização cidadã para alcançar a vitória eleitoral este ano”, acrescentou.
Quem é Corina Machado?
Corina Machado foi a vencedora das primárias da oposição unificada em outubro, com quase 90% dos votos, ou mais de 2 milhões de eleitores.
Três meses depois do triunfo, em janeiro, a ex-deputada foi determinada inelegível pela Suprema Corte venezuelana, composta por ministros apontados por Maduro.
O processo foi notório por irregularidades, como a restrição à defesa de acesso aos autos, e denunciado por órgãos internacionais.
Apesar da inelegibilidade, Corina Machado segue sendo a única liderança popular na oposição e mantém sua campanha eleitoral informalmente.
Quando serão as eleições na Venezuela?
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou nesta terça-feira, 5 de março, que as eleições presidenciais deste ano ocorrerão em 28 de julho, aniversário do ex-ditador Hugo Chávez, falecido em 2013.
A data bate na porta do segundo semestre, período previsto para ocorrer o pleito, em respeito ao acordo de Barbados, firmado entre a ditadura e a oposição com a intenção oficial de garantir eleições limpas.
Foi a Assembleia Nacional da Venezuela, dominada pelo regime de Maduro, que iniciou, em fevereiro, o processo de consulta a autoridades e a integrantes da oposição para o agendamento da eleição.
Independentemente dos aportes da oposição, quem definiu a data foi o CNE, também aparelhado pelo chavismo.
Quanto mais curtas as eleições, mais fácil será para a ditadura fraudá-las.
Afinal, um cronograma enxugado dificulta o trabalho de observadores internacionais, assim como a organização de campanha de grupos opositores, que não contam com o aparato estatal a seu favor.
Avanço da repressão
A repressão da ditadura na Venezuela tem avançado sobre os direitos humanos em 2024.
Em 9 de fevereiro, o regime prendeu a ativista Rocío San Miguel. Ela foi formalmente indiciada pela ditadura sob acusação de crimes de “traição à pátria”, “terrorismo” e “conspiração”.
Cerca de uma semana depois, em 15 de fevereiro, a ditadura deu um ultimato à Missão das Nações Unidas para os Direitos Humanos no país.
Os funcionários da missão da ONU tiveram 72 horas para deixar a Venezuela.
O avanço da repressão de Maduro foi tema de episódio do podcast Latitude em fevereiro.
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