O Tinder de Dirceu
A luta armada, para José Dirceu, foi uma espécie de Tinder. A Época reproduziu várias passagens das memórias do mensaleiro, todas elas dedicadas aos seus encontros amorosos...
A luta armada, para José Dirceu, foi uma espécie de Tinder.
A Época reproduziu várias passagens das memórias do mensaleiro, todas elas dedicadas aos seus encontros amorosos:
“Meu namoro com Iara foi uma volta à adolescência perdida, ela era uma menina, mas já adulta pela luta e politizada pelo exemplo dos pais, Zilda e João Batista. Apaixonada pelos irmãos, dura na discussão política, às vezes sectária, tivemos um breve namoro, uma luz na solidão e no banzo que me atacava de tempos em tempos. Nosso relacionamento era de passeios, idas ao cinema, a parques de diversão e pousadas que, na verdade, eram pequenos motéis, já que não morávamos juntos. Nosso namoro não era bem-visto e aceito pela mãe e irmãos, creio que mais pelas questões políticas do que pelo namoro propriamente dito ou por mim mesmo. Acabou de repente, Iara se afastou, sofri muito, mas nada como a luta, o treinamento e outros amores para curar as dores da paixão.
Também no CBA e no escritório de Airton Soares conheci Suzana Lisboa, gaúcha, judia, viúva de Luiz Eurico Lisboa, outro assassinado pela ditadura. Suzana lutava para esclarecer o assassinato de seu companheiro. Acabou localizando os restos mortais de Luiz Eurico e foi uma parceira constante dos pais de Sônia de Moraes Angel, em busca do paradeiro da filha e de seu companheiro, Stuart Angel, filho da estilista Zuzu Angel, também assassinada pela ditadura em um acidente forjado de carro no Rio, em 1976. Artista da moda brasileira, Zuzu granjeara fama internacional. Desfilava suas criações em Nova York, onde sua clientela incluía personalidades do show business como Liza Minelli e Joan Crawford. Impetuosa, denunciou a crueldade do regime militar ao secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger e ao senador democrata Edward Kennedy. Representava uma ameaça à tirania e, por isso, foi perseguida e morta. Suzana foi minha primeira namorada em São Paulo. Não chegamos a morar juntos e nos tornamos grandes amigos. Sua dedicação à luta pela anistia e à busca dos mortos e desaparecidos me impactou para além de sua beleza e coragem.”
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