Crusoé: Bolsa Família fez brasileiros desistirem de procurar emprego
"Se o número de pessoas dispostas a trabalhar diminui, isso reduz o potencial de crescimento da economia", diz o economista José Márcio Camargo
O economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, comentou no Crusoé Entrevistas sobre o impacto do programa Bolsa Família no mercado de trabalho brasileiro. Com base no estudo “O impacto das transferências na taxa de participação e no desemprego“, Camargo afirma que o aumento do valor do Bolsa Família (antigo Auxílio Brasil) fez com que 2 milhões de brasileiros deixassem de procurar emprego. A pesquisa, contudo, não responde se essas pessoas estavam desempregadas e preferiram continuar em casa ou se abandonaram os empregos que já tinham.
De acordo com o estudo, a elevação do valor do Bolsa Família no final de 2022, com a “PEC da Gastança” (também chamada de PEC Kamikaze ou PEC da Transição), fez com que o valor dado pelo programa subisse para 600 reais por família. Com isso, o auxílio passou a representar metade do salário mínimo, bem mais do que os 18% de antes.
Para muitos brasileiros, a elevação do benefício fez com que elas considerassem ser melhor permanecer inativos em casa a arcar com o custo de ir até o escritório ou empresa e se relacionar com outras pessoas.
“As pessoas sempre avaliam se o custo de ir trabalhar é maior do que os benefícios, sendo que um dos benefícios é o salário“, diz Camargo. “Mas, se a pessoa tem acesso a um programa de transferência de renda, ela tem um benefício que não depende de ela estar trabalhando ou não. Se esse valor é muito alto, a pessoa pode escolher não estar no mercado de trabalho.”
Segundo o estudo da Genial Investimentos, a desistência de muitas pessoas em procurar trabalho levou a uma queda de 1.7 ponto na taxa de desemprego. “As pessoas que não estão procurando trabalho não entram na estatística de desemprego“, diz Camargo.
Leia mais aqui; assine Crusoé e apoie o jornalismo independente.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)