Alberto Fernández não é mais líder do Partido Justicialista
O ex-presidente argentino renunciou à liderança do partido na mesma semana em que se tornou alvo de duas investigações por desvio de verbas
Em um movimento que reflete a falta de lideranças no histórico movimento político peronista, o ex-presidente argentino Alberto Fernández (foto) pediu licença da liderança do Partido Justicialista (PJ). Essa decisão ocorre após a derrota do partido para Javier Milei, em um dos piores resultados dos últimos 40 anos.
A legenda realizou uma reunião, na última terça-feira, 5, com seus principais dirigentes para iniciar um processo de reorganização. Durante o encontro, aceitaram a licença de Fernández e convocaram um congresso nacional que reunirá centenas de membros em 22 de março. Nessa ocasião, será designada uma comissão para conduzir o partido provisoriamente, disse reportagem da Folha de S. Paulo.
A agenda do congresso inclui uma ampla convocação a todos os setores, como trabalhadores, sindicatos, feministas, jovens e grupos sociais, com o objetivo de discutir a reorganização do partido, conforme afirmou o PJ em comunicado.
É provável que nessa reunião seja definida a data para uma nova eleição interna, visando escolher o substituto de Fernández. Essa decisão ficará a cargo da comissão. A expectativa é que tanto os integrantes da coalizão União pela Pátria, formada nas últimas eleições, quanto outros peronistas possam participar.
O peronismo
O peronismo é um movimento político fundado na década de 1940 pelo ex-presidente Juan Domingo Perón e, apesar de reunir grupos de esquerda, direita e centro, tem como base a figura do trabalhador e a justiça social.
Composto por diferentes correntes, como o kirchnerismo, o peronismo é mais voltado para políticas sociais; o movimento sindical, focado nos direitos trabalhistas; e até mesmo uma vertente liberal menemista, associada ao governo de Carlos Menem na década de 1990, cujas ideias foram ressuscitadas por Milei. As divisões ficaram evidentes na disputa aberta entre Fernández e sua vice-presidente, Cristina Kirchner, nos últimos anos.
Fernández investigado
O ex-presidente renuncia à liderança do partido na mesma semana em que se torna alvo de duas investigações por desvio de verbas. Essas investigações envolvem uma suposta contratação irregular de seguros para servidores públicos dentro dos órgãos estatais.
Em dezembro de 2021, Fernández assinou um decreto que exigia que todas as entidades estatais contratassem exclusivamente os serviços de seguro da empresa estatal Nación Seguros. Segundo jornal paulistano, o Ministério Público argentino investiga se esses contratos foram intermediados por corretores amigos e empresas privadas que receberiam comissões.
O caso foi revelado pelo jornal Clarín e denunciado à Justiça em duas ações distintas: uma pela advogada Silvina Martínez, ex-membro da equipe de campanha da atual ministra da Segurança, Patricia Bullrich, e outra pelo Ministério do Capital Humano durante o mandato de Milei.
O que diz o ex-presidente argentino?
Fernández nega as acusações e afirma que seu decreto tinha como objetivo justamente eliminar intermediários nos seguros. Ele pede que todos verifiquem suas declarações juramentadas e investiguem se houve algum enriquecimento de sua família ou algum testa de ferro que tenha se beneficiado.
Após passar um tempo com a família na Espanha, logo após entregar o cargo para Milei em dezembro, o ex-presidente retornou à Argentina neste mês, mas fez uma viagem ao México para dar palestras. Nesta quarta-feira, 6, ele publicou uma foto ao lado do presidente Andrés Manuel López Obrador, com quem manteve uma relação próxima durante seu mandato.
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