Indonésia quer se tornar a quinta maior economia do mundo
A Indonésia possui uma meta bastante audaciosa: se tornar a 5ª maior economia do mundo em breve!
Com 55 e 50 anos, respectivamente, Musmulyadi e sua esposa Nurmis estão dando o passo contrário à maioria dos casais de meia-idade na Indonésia. Eles acabaram de migrar milhares de quilômetros para Nusantara, a futura capital do país, onde estão surgindo inúmeras oportunidades de emprego. Entretanto, os esforços de progresso têm um custo alto para as comunidades indígenas que vivem no local.
Migrando em busca de oportunidades
Musmulyadi e Nurmis escolheram Nusantara, uma cidade ainda em construção na floresta tropical de Bornéu, identificando nela uma chance de conquistar um emprego estável. “Deve ser mais fácil encontrar emprego aqui enquanto eles ainda estão construindo a infraestrutura”, disse Musmulyadi à BBC Indonésia.
Hoje, a casa do casal é um canteiro de obras. Com o sonho de serem subcontratados no megaprojeto, eles acreditam na possibilidade de uma vida melhor. E esse sonho é compartilhado por muitos outros indonésios.
O pedido de socorro das comunidades indígenas
No entanto, a realidade não é tão positiva para todos. A comunidade indígena, que vive na região há gerações, está à beira de ser despejada devido à construção da nova capital. Apesar de conseguirem uma vitória temporária na Justiça em fevereiro de 2023, a incerteza permanece, criando um ambiente de constante apreensão.
“Se eu não fizesse nada, meus filhos e netos seriam apenas um lixo para o governo. É assim que lutamos contra a injustiça”, afirma Pandi, um dos membros da comunidade indígena, destacando a luta pelo direito à terra.
Metas e desafios da atual gestão
As projeções do governo preveem que Nusantara abrigará 2 milhões de pessoas até 2029. Tal projeto faz parte de um plano maior de tornar a Indonésia uma das cinco maiores economias do mundo até 2045, ano do centenário da sua independência.
Porém, para atingir esta meta, a economia indonésia deve crescer 6 a 7% ao ano, como afirmou o ministro das Finanças do país, Sri Mulyani. Atualmente o crescimento está em 5%.
Tais ambições colocam em questão a gestão do presidente Joko Widodo, que tem privilegiado o investimento chinês e a construção de infraestruturas, muitas vezes desconsiderando os direitos indígenas e as questões ambientais.
“A febre do níquel faz o governo perder a cabeça”, critica Melky Nahar, coordenador da Mining Advocacy Network (Jatam), uma organização não governamental.
Próximos passos na política indonésia
As eleições presidenciais escancararam um cenário de preocupações e expectativas diversificadas. Enquanto o possível novo presidente, Prabowo Subianto, promete políticas populistas – como a oferta de leite e almoço gratuitos para mães e crianças – os especialistas alertam sobre os riscos desses projetos para o orçamento já sobrecarregado do país.
O legado deixado pela gestão de Widodo e as promessas de Subianto geram incertezas sobre o futuro da Indonésia, tanto em termos econômicos quanto no que diz respeito aos direitos humanos e à sustentabilidade ambiental. A marcha progressista tem seu preço, resta saber quão alto ele pode ser.
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