A estupidez de ser “de esquerda” ou “de direita” quanto à barbárie em Paris
Um dos aspectos mais estúpidos deste momento no Brasil é dividir tudo em "esquerda" e "direita". Tudo é tudo mesmo. Por exemplo: este antagonista ouviu de um conhecido que motos ao estilo Harley-Davidson eram "de esquerda", enquanto motos em que o sujeito fica debruçado sobre o guidão, mais esportivas, eram "de direita".O mesmo ocorre agora com os atentados em Paris. Ficar horrorizado com o que ocorreu, considerá-los uma ameaça à liberdade de expressão e à democracia, está sendo considerado coisa "de direita". Já relativizar a carnificina e mesmo achar que os jornalistas e chargistas massacrados na redação do Charlie Hebdo fizeram por merecer a morte é coisa "de esquerda".
Um dos aspectos mais estúpidos deste momento no Brasil é dividir tudo em “esquerda” e “direita”. Tudo é tudo mesmo. Por exemplo: este antagonista ouviu de um conhecido que motos ao estilo Harley-Davidson eram “de esquerda”, enquanto motos em que o sujeito fica debruçado sobre o guidão, mais esportivas, eram “de direita”.
O mesmo ocorre agora com os atentados em Paris. Ficar horrorizado com o que ocorreu, considerá-los uma ameaça à liberdade de expressão e à democracia, está sendo considerado coisa “de direita”. Já relativizar a carnificina e mesmo achar que os jornalistas e chargistas massacrados na redação do Charlie Hebdo fizeram por merecer a morte é coisa “de esquerda”.
Ao menos convenhamos que, no que diz respeito aos atentados, a diferença está entre ser racional e irracional. Entre ser informado e ignorante. A racionalidade implica considerar qualquer ato terrorista inaceitável. A irracionalidade implica acreditar que eles podem ser explicáveis e até perdoáveis. A história mostra que as armas são o último recurso da razão contra a desrazão. E o primeiro recurso da desrazão contra a razão.
Quanto a ser informado e ignorante, está tudo publicado, dito, fotografado e filmado: a esquerda francesa e europeia acha os atentados inaceitáveis. A direita também. Tanto que, amanhã, todos marcharão juntos em Paris, contra o terrorismo e em favor dos valores fundamentais da democracia. Mesmo a extrema-direita de Marine Le Pen fará a sua marcha no interior do país — só não estará em Paris por politicagens que não interessam aqui. Não esqueçamos ainda que, na França, o partido no poder é o socialista. Socialistas não são xenófobos, racistas ou antimuçulmanos. Salvo engano, socialistas são de esquerda. E, ainda assim, repelem totalmente o terrorismo islâmico. E, ainda assim, mandaram matar, caso fosse necessário — e foi — os Irmãos Kouachi e Amedy Coulibaly.
Amanhã, em Paris, não só marcharão lado a lado cidadãos de esquerda e de direita, como cristãos, muçulmanos e ateus, brancos, negros, asiáticos, judeus e árabes. Entre os cerca de quarenta estadistas esperados, estão o primeiro-ministro de Israel, o emir do Qatar e o rei da Jordânia. A barbárie em Paris foi demais — atenção — até para o Hezbollah, o grupo terrorista libanês. O seu líder disse que os atentados feriram mais o Islã do que as charges do Charlie Hebdo. Ele, melhor do que ninguém, sabe o que significam a Al-Qaeda e o Estado Islâmico, organizações especializadas em, não apenas assassinar ocidentais, mas em matar e oprimir muçulmanos.
E, então, a Harley Davidson é de esquerda e as motos esportivas são de direita?
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