Crusoé: Longe das democracias
O Brasil trilha um caminho perigoso nas relações internacionais, longe das democracias e perto de autocracias, ditaduras e regimes autoritários. Um movimento que aos poucos deslegitima nosso país como interlocutor confiável dentro do cenário externo e retira o tradicional verniz conciliador e moderado de nossa política internacional. Existe atualmente uma movimentação sensível das placas de...
O Brasil trilha um caminho perigoso nas relações internacionais, longe das democracias e perto de autocracias, ditaduras e regimes autoritários. Um movimento que aos poucos deslegitima nosso país como interlocutor confiável dentro do cenário externo e retira o tradicional verniz conciliador e moderado de nossa política internacional.
Existe atualmente uma movimentação sensível das placas de estabilidade do concerto internacional, as mais sérias desde o estabelecimento da atual correlação de forças no pós-guerra. Estamos falando de movimento crescente e sólido de nações autoritárias, teocráticas e aquelas que fizeram a opção por governos autocráticos no sentido de desenhar uma nova ordem internacional submetida a uma visão de mundo que não dialoga com a democracia.
O crescimento dos conflitos tem relação direta com essa realidade, tanto na Ucrânia, quanto em Israel e nas nações africanas que sofrem golpes de Estado sucessivos. Por trás dessas ações estão Rússia e Irã sob o olhar complacente dos chineses que vêm atingindo seu objetivo de subserviência de parceiros comerciais por meio de uma estratégia de dependência econômica e política.
Esse grupo vem tomando forma e acumulando musculatura ao longo do tempo, criando novos fóruns internacionais, como o Brics e também linhas próprias de financiamento que ultrapassam os limites de suas fronteiras, como o Novo Banco de Desenvolvimento, ou Banco dos Brics. Não surpreende que os novos sócios nessa empreitada passem ao largo de qualquer traço democrático: Arábia Saudita, Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.
Ao mesmo tempo, países considerados democracias liberais iniciaram flertes com a autocracia, como Hungria, Índia e El Salvador. Hoje, 42 países estão enfrentando processos de autocratização, o que significa desmontar pilares cruciais da democracia, como alternância de poder, liberdades de expressão e imprensa e pleitos competitivos. O número de nações dirigidas por ditaduras se tornou maior que o número de democracias plenas pela primeira vez desde 1995. As democracias voltaram a números que datam de 1986, apontou recentemente o relatório do instituto sueco V-Dem.
Isso significa que…
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