Crusoé: Venezuela dá curso a jornalistas para “desestigmatizar” tortura
Estratégia orwelliana vem menos de um mês após a Venezuela expulsar o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos
Como se quisesse seguir os passos da distopia Oceânia, da obra “1984”, de George Orwell, o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, está dando curso a jornalistas venezuelanos para “acabar com a estigmatização” de torturadores.
A propaganda é vendida como um curso de “capacitação de Jornalismo de Guerra”.
Quem leciona, é claro, são os próprios torturadores do chavismo, a Direção Geral de Contrainteligência Militar (DGCIM).
Segundo publicação desta semana do diretor de assuntos especiais da DGCIM, Alexander Granko, “queremos acabar com essa estigmatização que tem sido feita à DGCIM como torturador. Queremos te ensinar a verdade do que somos”.
Como a DGCIM comete tortura?
A DGCIM foi identificada como um órgão de tortura em relatório da missão do Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, sob comando da ex-presidente chilena Michelle Bachelet, na Venezuela no final da década passada.
“Na maioria dos casos, mulheres e homens foram sujeitos a uma ou mais formas de tortura ou tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes, incluindo choques eléctricos, asfixia com sacos de plástico, afogamento forçado, espancamentos, violência sexual, privação de água e alimentos, situações de stress e exposição a temperaturas extremas. As forças de segurança e os serviços de inteligência, especialmente o SEBIN e a DGCIM, recorrem rotineiramente a tais práticas para extrair informações e confissões, intimidar e punir os detidos”, diz o relatório.
Expulsão da missão da ONU para Direitos Humanos
O regime de Nicolás Maduro “suspendeu as atividades” do gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Venezuela e ainda deu um ultimato de 72 horas aos funcionários do órgão para sair do país.
O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores, Yvan Gil, em entrevista coletiva em 15 de fevereiro.
Esta decisão do regime venezuelano sucede uma série de acusações feita por Gil contra o Alto Comissariado das Nações Unidas.
Segundo o ministro, a instituição tem atuado de maneira inadequada, sendo parcial e se tornando uma espécie de “escritório de advocacia privado do grupo de golpistas e terroristas que conspiram permanentemente contra o país“.
Este episódio se deu…
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